Imprensa Regional

Assistimos em Portugal, nos últimos anos, a uma ideologia que rema contra a corrente; uma corrente que quer fazer-nos acreditar que o importante é o que se passa lá longe em países e regiões que não conhecemos e que nada têm a ver com o nosso quotidiano. Uma maneira de entender o mundo que não é natural e que só pode ter explicação na vontade que alguns têm de fazer prevalecer as suas ideias e determinados grupos partidários e sectários. Só neste contexto se pode compreender o ataque cerrado com que a imprensa regional tem sido castigada nos últimos anos. Não se vê outra explicação.
A Igreja tem como missão, deixada pelo seu fundador, levar a mensagem “até aos confins do mundo”. A imprensa cristã faz parte deste mandato e é assumida como forma de evangelização, ao serviço do homem e da sociedade. Não se pretende lutar contra ninguém nem fazer mal a quem quer que seja. Pretende-se simplesmente lutar pela verdade e pela dignidade da pessoa humana. Por isso a imprensa cristã é uma mais-valia para a sociedade e para os governos, quaisquer que sejam. Mas quer-nos parecer que a actual luta contra a imprensa regional pretende atingir tão só a imprensa cristã, já que muitas das exigências impostas atacam directamente os meios de comunicação da Igreja. É um absurdo dizer que se apoia a comunicação social e depois impor critérios que decretam o seu fim, pelo facto de atingir máximos de audiência. Só ideias anti-Igreja justificam leis e normas assim aprovadas. Mais uma investida maçónica que sorrateiramente este governo quer impor. Perdemos o direito à liberdade e perdemos o direito a ser bons. Acontece na imprensa o que se quer impor na educação: sermos medíocres e nunca pugnamos por ser bons ou os melhores. A RR é boa demais, por isso o Governo quer acabar com ela. Chegamos ao cúmulo do autoritarismo e da vergonha. O país está podre e a vontade do governo é que não saia da podridão. Porquê? Medo? Inveja? Maldade? Certamente por interesses escondidos.
Nesta edição quisemos abordar a questão. Mas não queremos usar as armas de quem nos ataca. No meio de tanta coisa que investigamos e depositamos sobre a nossa secretária, escolhemos o mais pacifico, o menos conflituoso. Apenas deixamos a informação para todos, responsáveis nacionais e leitores, de que estamos atentos e não temos os olhos fechados. Talvez um dia, em altura própria, o feitiço se vire contra o feiticeiro, porque jamais alguém algum dia venceu o Mestre. Calados, para já, mas atentos. Um silêncio que pode ser afinal o que medeia entre o acender do rastilho e a detonação final. “Pela boca morre o peixe”, diz o povo e nós estamos em crer que o isco está lançado. Na hora certa o peixe vai morrer.
[Edição de 4 de Dezembro]
Etiquetas: editorial