Advento: tempo de esperança
A esperança cristã é um desafio de santidade. É esperarmos o dia de Nosso Senhor Jesus Cristo, plenitude futura do que já podemos ser agora. Esse futuro prometido será a definitiva manifestação da plenitude de Jesus Cristo, em nós e para nós, o “dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”. A esperança cristã é também uma esperança escatológica, que não é pura expectativa, mas plenitude anunciada no realismo da nossa fé e da nossa fidelidade, possível com a força de Cristo ressuscitado, o Seu Espírito de amor que Ele derrama nos nossos corações. A relação entre o presente da fé e da graça e a plenitude escatológica esperada é essencial na compreensão da esperança cristã.
O que é que esperamos no presente? O que é que o nosso baptismo e confirmação tornaram possível e exigem de nós? Só a santidade nos revela o horizonte de possibilidades de vida que temos já neste mundo, a partir de Jesus Cristo. É por isso que, no alimentar da nossa esperança, é importante confrontarmo-nos com modelos de santidade; é por isso que a Igreja continua a propor-nos modelos de santidade. Os santos dizem-nos que podemos ir muito mais longe, na nossa busca da vida, se a vivermos em Cristo ressuscitado. Neste primeiro aspecto, a esperança cristã é a vivência radical da nossa salvação.
Esse era já o aspecto central da esperança messiânica do Antigo Testamento, como escutámos no texto do Profeta Isaías: “Vós Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, tal é, desde sempre, o Vosso Nome” (Is. 63,16). Devido à nossa finitude e ao nosso pecado, a verdadeira vida só pode ser o fruto da acção de Deus em nós, como aconteceu na primeira criação: “Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das Vossas mãos” (Is. 64,7). É por isso que a Igreja, ao reconhecer em Jesus Cristo o Messias prometido, O identifica como nosso Redentor, Ele, que com a Sua morte e ressurreição e pelo dom do Espírito, Se tornou, para todo o sempre, esse oleiro divino, capaz de fazer maravilhas do barro que somos nós. A esperança cristã brota da coerência com o mistério da redenção.
Sendo assim, o que é que podemos esperar para cada cristão e para todo o povo dos baptizados, neste tempo presente, espaço da nossa fidelidade e da nossa luta pela vida? Qual é o desafio do Advento? Qual é a esperança da Igreja, ela que vive o mistério da salvação no tempo e em cada tempo?
* Antes de mais, a Igreja espera que cada cristão e toda a comunidade dos crentes identifique em Jesus Cristo o seu Redentor. Cristo não é mais um Santo da nossa devoção, Ele é o nosso Redentor, ou seja, depende d’Ele o triunfo da nossa vida, Ele é o oleiro que faz do barro que somos nós, obras de arte que glorificam o Senhor. É preciso aceitar que o barro tem de ser moldado, transformado, porque o projecto e a realização da obra de arte está no poder do oleiro.
* A Igreja espera do Seu Redentor que esta acção de Deus nos cristãos os leve a imitar Jesus Cristo, “a ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fil. 2,5), na glorificação de Deus pela oração vivida, na pureza do amor, dos esposos, dos pais e dos filhos, dos amigos, do amor fraterno que torna a vida comunitária em mistério de comunhão; no amor que é a fonte do ardor missionário e evangelizador; no amor que é solicitude pelos pobres e pelos aflitos. A Igreja espera do Seu Redentor que nos ensine e nos ajude a caminhar na santidade.
Eu sei que estas palavras são a denúncia de dimensões comummente aceites pela cultura contemporânea. Mas a esperança cristã, sendo anúncio, é inevitavelmente denúncia. A esperança cristã é um desafio à coerência: não andarmos “a fazer de conta”, mas dar a densidade da vida vivida à palavra escutada e pronunciada. A vida cristã não basta dizê-la, é preciso “fazê-la”.
Excerto da reflexão do Cardeal D. José Policarpo
O que é que esperamos no presente? O que é que o nosso baptismo e confirmação tornaram possível e exigem de nós? Só a santidade nos revela o horizonte de possibilidades de vida que temos já neste mundo, a partir de Jesus Cristo. É por isso que, no alimentar da nossa esperança, é importante confrontarmo-nos com modelos de santidade; é por isso que a Igreja continua a propor-nos modelos de santidade. Os santos dizem-nos que podemos ir muito mais longe, na nossa busca da vida, se a vivermos em Cristo ressuscitado. Neste primeiro aspecto, a esperança cristã é a vivência radical da nossa salvação.
Esse era já o aspecto central da esperança messiânica do Antigo Testamento, como escutámos no texto do Profeta Isaías: “Vós Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, tal é, desde sempre, o Vosso Nome” (Is. 63,16). Devido à nossa finitude e ao nosso pecado, a verdadeira vida só pode ser o fruto da acção de Deus em nós, como aconteceu na primeira criação: “Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das Vossas mãos” (Is. 64,7). É por isso que a Igreja, ao reconhecer em Jesus Cristo o Messias prometido, O identifica como nosso Redentor, Ele, que com a Sua morte e ressurreição e pelo dom do Espírito, Se tornou, para todo o sempre, esse oleiro divino, capaz de fazer maravilhas do barro que somos nós. A esperança cristã brota da coerência com o mistério da redenção.
Sendo assim, o que é que podemos esperar para cada cristão e para todo o povo dos baptizados, neste tempo presente, espaço da nossa fidelidade e da nossa luta pela vida? Qual é o desafio do Advento? Qual é a esperança da Igreja, ela que vive o mistério da salvação no tempo e em cada tempo?
* Antes de mais, a Igreja espera que cada cristão e toda a comunidade dos crentes identifique em Jesus Cristo o seu Redentor. Cristo não é mais um Santo da nossa devoção, Ele é o nosso Redentor, ou seja, depende d’Ele o triunfo da nossa vida, Ele é o oleiro que faz do barro que somos nós, obras de arte que glorificam o Senhor. É preciso aceitar que o barro tem de ser moldado, transformado, porque o projecto e a realização da obra de arte está no poder do oleiro.
* A Igreja espera do Seu Redentor que esta acção de Deus nos cristãos os leve a imitar Jesus Cristo, “a ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fil. 2,5), na glorificação de Deus pela oração vivida, na pureza do amor, dos esposos, dos pais e dos filhos, dos amigos, do amor fraterno que torna a vida comunitária em mistério de comunhão; no amor que é a fonte do ardor missionário e evangelizador; no amor que é solicitude pelos pobres e pelos aflitos. A Igreja espera do Seu Redentor que nos ensine e nos ajude a caminhar na santidade.
Eu sei que estas palavras são a denúncia de dimensões comummente aceites pela cultura contemporânea. Mas a esperança cristã, sendo anúncio, é inevitavelmente denúncia. A esperança cristã é um desafio à coerência: não andarmos “a fazer de conta”, mas dar a densidade da vida vivida à palavra escutada e pronunciada. A vida cristã não basta dizê-la, é preciso “fazê-la”.
Excerto da reflexão do Cardeal D. José Policarpo
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