Morrer na estrada
“Morrer, é a coisa mais certa que temos na vida”. Todos sabemos, desde que nascemos, que a nossa vida neste mundo é curta e mais não é que uma breve passagem por este planeta. Cruzamos ruas, habitamos casas e conhecemos pessoas, mas tudo isso mais não é que um segundo, um breve momento, neste peregrinar da nossa vida.
Mas se morrer é certo, a forma como se morre, já não é tão certa. Desde a causa natural, até chegar à forma mais irracional que é acabar com a própria vida, mil e uma outra forma de morrer cruzam a nossa existência. E uma certeza parece ser evidente e constante em todas essas formas de morrer: a morte é uma negação de nós próprios e do que somos. Voltados para o amanhã, sedentos de crescimento e guiados pelo sonho que comanda a vida, não podemos aceitar a morte como natural. Ela apaga o sonho, destrói a esperança e arruína a vida. Ela é anti-natureza humana.
Por isso nunca poderemos aceitar as formas mais estranhas de morrer. E aqui nos deparamos com o tema desta edição de O Mensageiro: as mortes na estrada. Como explicar uma das maiores causas de morte, quando não tem qualquer explicação? Como admitir o número de vítimas na estrada, quando a estrada estava ao serviço de mais e melhor vida? Como admitir o número crescente de sinistros causados por uma forma tão significativa do desenvolvimento humano? Dizem que o aumento das vias de comunicação é proporcional ao desenvolvimento das sociedades e consequentemente do indivíduo. Dizem mesmo que esse desenvolvimento é causa de maior crescimento humano. Então como explicar o aumento de vítimas provocado pelos acidentes nas estradas?
A explicação só pode ser encontrada na irracionalidade, que afinal domina e mina toda a nossa racionalidade. O animal racional que somos, não sabe pensar, no momento de decidir o que é melhor para si. E por isso, transforma os momentos de gáudio e júbilo em momentos de tristeza e desespero. Quase tudo o que é benéfico e bom é por nós transformado em mau e angustiante. Uma saudável viagem de lazer e prazer é bruscamente transformada em tragédia, dor e desespero. Capaz de marcar vidas de forma irreversível.
Ao falarmos da sinistralidade nas estradas, o discurso torna-se tanto mais incompreensível quanto ela se revela eivada de grande irracionalidade e incompreensão. E quando ela é uma das maiores causas de mortalidade nas sociedades desenvolvidas, tanto mais se torna incompreensível. As causas estão sempre ligadas a estilos de vida e formas de estar que pouco têm de humanidade: a velocidade, a embriaguez, a irresponsabilidade e o descuido ou desatenção não podem ter explicação para seres que se dizem racionais e desenvolvidos.
O “dia da memória”pretende ser uma chamada de atenção e um regresso ao que verdadeiramente importa na vida. Uma ocasião para apelar à concentração, à responsabilidade e à cidadania. Afinal de contas, uma ocasião para afirmar a nossa identidade racional e humana. O dia da memória aconteceu e foi celebrado em Leiria, e o nosso jornal quis associar-se à celebração pelo serviço que representa para a educação e para a formação dos indivíduos. Aqui deixamos um breve apontamento para que esta celebração não seja mais uma morte a juntar a tantas outras que fazem parte do nosso quotidiano.
[Edição de 20 de Novembro]
Mas se morrer é certo, a forma como se morre, já não é tão certa. Desde a causa natural, até chegar à forma mais irracional que é acabar com a própria vida, mil e uma outra forma de morrer cruzam a nossa existência. E uma certeza parece ser evidente e constante em todas essas formas de morrer: a morte é uma negação de nós próprios e do que somos. Voltados para o amanhã, sedentos de crescimento e guiados pelo sonho que comanda a vida, não podemos aceitar a morte como natural. Ela apaga o sonho, destrói a esperança e arruína a vida. Ela é anti-natureza humana.
Por isso nunca poderemos aceitar as formas mais estranhas de morrer. E aqui nos deparamos com o tema desta edição de O Mensageiro: as mortes na estrada. Como explicar uma das maiores causas de morte, quando não tem qualquer explicação? Como admitir o número de vítimas na estrada, quando a estrada estava ao serviço de mais e melhor vida? Como admitir o número crescente de sinistros causados por uma forma tão significativa do desenvolvimento humano? Dizem que o aumento das vias de comunicação é proporcional ao desenvolvimento das sociedades e consequentemente do indivíduo. Dizem mesmo que esse desenvolvimento é causa de maior crescimento humano. Então como explicar o aumento de vítimas provocado pelos acidentes nas estradas?
A explicação só pode ser encontrada na irracionalidade, que afinal domina e mina toda a nossa racionalidade. O animal racional que somos, não sabe pensar, no momento de decidir o que é melhor para si. E por isso, transforma os momentos de gáudio e júbilo em momentos de tristeza e desespero. Quase tudo o que é benéfico e bom é por nós transformado em mau e angustiante. Uma saudável viagem de lazer e prazer é bruscamente transformada em tragédia, dor e desespero. Capaz de marcar vidas de forma irreversível.
Ao falarmos da sinistralidade nas estradas, o discurso torna-se tanto mais incompreensível quanto ela se revela eivada de grande irracionalidade e incompreensão. E quando ela é uma das maiores causas de mortalidade nas sociedades desenvolvidas, tanto mais se torna incompreensível. As causas estão sempre ligadas a estilos de vida e formas de estar que pouco têm de humanidade: a velocidade, a embriaguez, a irresponsabilidade e o descuido ou desatenção não podem ter explicação para seres que se dizem racionais e desenvolvidos.
O “dia da memória”pretende ser uma chamada de atenção e um regresso ao que verdadeiramente importa na vida. Uma ocasião para apelar à concentração, à responsabilidade e à cidadania. Afinal de contas, uma ocasião para afirmar a nossa identidade racional e humana. O dia da memória aconteceu e foi celebrado em Leiria, e o nosso jornal quis associar-se à celebração pelo serviço que representa para a educação e para a formação dos indivíduos. Aqui deixamos um breve apontamento para que esta celebração não seja mais uma morte a juntar a tantas outras que fazem parte do nosso quotidiano.
[Edição de 20 de Novembro]
Etiquetas: editorial