Começar de novo...
A grandeza de uma pessoa mede-se pela capacidade de mudar. No entanto os tempos que vivemos querem, a todo o custo, fazer-nos pensar o contrário. As democracias vão-se tornando formas eufemísticas de afirmações absolutistas ou totalitárias, gerando monopólios que roçam a injustiça e a perversidade. No contexto sociopolítico actual crescem a olhos vistos estas formas de desigualdade, autênticas aberrações da igualdade de direitos que conquistamos.
A Igreja, fiel a si mesma e aos seus valores, continua a oferecer outras soluções e outros olhares sobre a realidade. O ciclo anual do ano litúrgico é disso um exemplo. Em cada ano tudo se renova e tudo se transforma, banindo quaisquer formas viciadas de vida.
O Advento tem o sabor do novo. Quando tantas coisas parecem falar-nos de fim, de fechar das contas, de tempos difíceis e problemas declarados insolúveis, é urgente acreditar que a esperança não é palavra vã.
Não a expectativa imediata, fruto de promessas e ilusões, em que se quer o melhor sem sacrifícios nem trabalho, mas a esperança que é a sombra dos passos de quem se afadiga com as suas mãos a moldar o mundo. Sim, o novo não significa destruir o que está feito, mas aperfeiçoá-lo, começar de novo um passo adiante, maravilhar-se com a imensa capacidade de renovação que Deus colocou em cada pessoa!
Por isso desconfio de muitas generalizações quando se trata de pessoas: os adolescentes não são todos iguais, os políticos não querem todos “um tacho”, os presos não são todos um perigo para a sociedade. “Rotular” as pessoas pode ser uma forma de nos distanciarmos, de resistir à sua possibilidade de renovação.
Quando os esforços parecem não dar fruto, quando o passado teima em prender os passos, e o horizonte está envolto em nevoeiro, é preciso dizer: começar de novo! É preciso humildade (a condição de sermos terra onde se semeia e barro que se molda) para nos colocarmos nas mãos de Deus, e vencer a tentação de nos julgarmos perfeitos. Ou a de pensarmos que não há nada a fazer! O “tudo ou nada” com que tantos regem a sua vida pode produzir alguns heróis, mas deixa muitos esmagados ao longo do caminho.
E o que vale para as pessoas vale para as instituições, como a própria Igreja. Bento XVI desafiou a Igreja Portuguesa a viver um verdadeiro Advento, sentido como renovação de estruturas, pessoas e linguagens. Um desafio que é um compromisso; um compromisso que precisa ser assumido por todos e cada um. Um ano depois do repto continuamos impávidos e serenos a “ver a banda passar”, como se nada tivesse a ver connosco e o pastor tivesse apenas alertado para um perigo. Como se não fosse uma urgência e não passasse de uma chamada de atenção. Mas as palavras de Bento XVI foram uma verdadeira preocupação e exprimem uma verdadeira necessidade. Por isso as recordamos nesta edição, com a qual marcamos o início do Advento.
O Advento diz-nos que há sempre tudo a fazer, tudo a mudar, tudo a recriar! Estamos dispostos a esta renovação?
[Edição de 27 de Novembro]
A Igreja, fiel a si mesma e aos seus valores, continua a oferecer outras soluções e outros olhares sobre a realidade. O ciclo anual do ano litúrgico é disso um exemplo. Em cada ano tudo se renova e tudo se transforma, banindo quaisquer formas viciadas de vida.
O Advento tem o sabor do novo. Quando tantas coisas parecem falar-nos de fim, de fechar das contas, de tempos difíceis e problemas declarados insolúveis, é urgente acreditar que a esperança não é palavra vã.
Não a expectativa imediata, fruto de promessas e ilusões, em que se quer o melhor sem sacrifícios nem trabalho, mas a esperança que é a sombra dos passos de quem se afadiga com as suas mãos a moldar o mundo. Sim, o novo não significa destruir o que está feito, mas aperfeiçoá-lo, começar de novo um passo adiante, maravilhar-se com a imensa capacidade de renovação que Deus colocou em cada pessoa!
Por isso desconfio de muitas generalizações quando se trata de pessoas: os adolescentes não são todos iguais, os políticos não querem todos “um tacho”, os presos não são todos um perigo para a sociedade. “Rotular” as pessoas pode ser uma forma de nos distanciarmos, de resistir à sua possibilidade de renovação.
Quando os esforços parecem não dar fruto, quando o passado teima em prender os passos, e o horizonte está envolto em nevoeiro, é preciso dizer: começar de novo! É preciso humildade (a condição de sermos terra onde se semeia e barro que se molda) para nos colocarmos nas mãos de Deus, e vencer a tentação de nos julgarmos perfeitos. Ou a de pensarmos que não há nada a fazer! O “tudo ou nada” com que tantos regem a sua vida pode produzir alguns heróis, mas deixa muitos esmagados ao longo do caminho.
E o que vale para as pessoas vale para as instituições, como a própria Igreja. Bento XVI desafiou a Igreja Portuguesa a viver um verdadeiro Advento, sentido como renovação de estruturas, pessoas e linguagens. Um desafio que é um compromisso; um compromisso que precisa ser assumido por todos e cada um. Um ano depois do repto continuamos impávidos e serenos a “ver a banda passar”, como se nada tivesse a ver connosco e o pastor tivesse apenas alertado para um perigo. Como se não fosse uma urgência e não passasse de uma chamada de atenção. Mas as palavras de Bento XVI foram uma verdadeira preocupação e exprimem uma verdadeira necessidade. Por isso as recordamos nesta edição, com a qual marcamos o início do Advento.
O Advento diz-nos que há sempre tudo a fazer, tudo a mudar, tudo a recriar! Estamos dispostos a esta renovação?
[Edição de 27 de Novembro]
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