Dimensão social da fé
A Europa acordou repentinamente para os problemas sociais. Eles fizeram parte do crescimento e amadurecimento dos indivíduos e das instituições. Por toda a parte as políticas sociais são incrementadas e são elas que dão votos aos políticos. Mas a experiência e a observação levam-nos a concluir que, na grande maioria dos casos, estas causas sociais servem de propaganda política e nem sempre são uma forma pragmática de construção das sociedades. Todos se advogam detentores das melhores politicas e ideias sociais e todos pugnam pela apresentação de um programa em que elas sejam prioritárias. A verdade, porém, é que continua a haver outros “interesses” ou “valores” que se sobrepõem à construção harmónica da sociedade.
A Igreja foi pioneira e continua a sê-lo, no campo social. A lei suprema do amor, ou da caridade, geriu os programas e os planos, construídos muitas vezes à custa de vidas e dissabores; mas edificou um programa social em que a elevação dos mais pequenos e últimos era prioritária. A sociedade deve à Igreja a construção dos primeiros hospitais, creches e lares de terceira idade. E se quisermos ir mais longe e sermos honestos, temos que dizer que a sociedade deve à Igreja as primeiras técnicas de manipulação da agricultura e da organização social.
Houve, certamente, erros e atropelos, outra coisa não seria de esperar. Mas houve também virtudes e formas únicas de vida que jamais foram alcançadas ou igualadas. Quer queiramos quer não, a sociedade moderna caminhou pela mão firme e forte da Igreja.
Os tempos mudaram, e hoje não só se quer fazer tábua rasa de tudo isso, como até se pretende desvalorizar esse esforço e esse contributo. A Europa que estamos a construir quer esquecer o historial que lhe esteve na génese. O Estado “invadiu” o espaço social que outrora foi edificado pela Igreja. Não há que regatear e não é preciso reclamar. Acreditamos até que o sector social compete efectivamente ao Estado. Já o espírito com que o faz, a motivação que lhe está subjacente pode ser questionada e deve mesmo ser avaliada. A lei suprema do amor e da caridade parece ter sido esquecida ou desvalorizada. Impera a lei do voto e do capital, muitas vezes chamado profissionalismo. Morreu o amor ao próximo e o desejo de ajudar desinteressadamente. Hospitais, creches e lares tornaram-se empresas de negócios, em que o lucro é o objectivo primeiro e único. Parece que já ninguém da nada a ninguém e ninguém faz nada por ninguém. Como numa verdadeira república das bananas entramos no espírito do “salve-se quem puder”.
E aí vamos nós, rosnando o descontentamento, sem porém procurar verdadeiras vias alternativas.
Mas a Igreja de Jesus Cristo continua presente na sociedade e de forma silenciosa, por vezes invisível, continua a dar cartas no plano social. Atenta como está ao desenrolar da história, sem querer protagonismos que não lhe pertençam continua a denunciar o que está errado, como compete a toda a instituição que pugne pelo bem das pessoas e das sociedades. Essa é também uma forma de viver a fé. Ela também se vive na preocupação e na intervenção social.
Neste espírito se realiza o I Congresso da Pastoral Social, nos dias 9 a 11 de Setembro. Uma oportunidade para rever caminhos percorridos e projectar novos rumos. Por isso destacamos o assunto nesta edição.
[Edição de 4 de Setembro]
A Igreja foi pioneira e continua a sê-lo, no campo social. A lei suprema do amor, ou da caridade, geriu os programas e os planos, construídos muitas vezes à custa de vidas e dissabores; mas edificou um programa social em que a elevação dos mais pequenos e últimos era prioritária. A sociedade deve à Igreja a construção dos primeiros hospitais, creches e lares de terceira idade. E se quisermos ir mais longe e sermos honestos, temos que dizer que a sociedade deve à Igreja as primeiras técnicas de manipulação da agricultura e da organização social.
Houve, certamente, erros e atropelos, outra coisa não seria de esperar. Mas houve também virtudes e formas únicas de vida que jamais foram alcançadas ou igualadas. Quer queiramos quer não, a sociedade moderna caminhou pela mão firme e forte da Igreja.
Os tempos mudaram, e hoje não só se quer fazer tábua rasa de tudo isso, como até se pretende desvalorizar esse esforço e esse contributo. A Europa que estamos a construir quer esquecer o historial que lhe esteve na génese. O Estado “invadiu” o espaço social que outrora foi edificado pela Igreja. Não há que regatear e não é preciso reclamar. Acreditamos até que o sector social compete efectivamente ao Estado. Já o espírito com que o faz, a motivação que lhe está subjacente pode ser questionada e deve mesmo ser avaliada. A lei suprema do amor e da caridade parece ter sido esquecida ou desvalorizada. Impera a lei do voto e do capital, muitas vezes chamado profissionalismo. Morreu o amor ao próximo e o desejo de ajudar desinteressadamente. Hospitais, creches e lares tornaram-se empresas de negócios, em que o lucro é o objectivo primeiro e único. Parece que já ninguém da nada a ninguém e ninguém faz nada por ninguém. Como numa verdadeira república das bananas entramos no espírito do “salve-se quem puder”.
E aí vamos nós, rosnando o descontentamento, sem porém procurar verdadeiras vias alternativas.
Mas a Igreja de Jesus Cristo continua presente na sociedade e de forma silenciosa, por vezes invisível, continua a dar cartas no plano social. Atenta como está ao desenrolar da história, sem querer protagonismos que não lhe pertençam continua a denunciar o que está errado, como compete a toda a instituição que pugne pelo bem das pessoas e das sociedades. Essa é também uma forma de viver a fé. Ela também se vive na preocupação e na intervenção social.
Neste espírito se realiza o I Congresso da Pastoral Social, nos dias 9 a 11 de Setembro. Uma oportunidade para rever caminhos percorridos e projectar novos rumos. Por isso destacamos o assunto nesta edição.
[Edição de 4 de Setembro]
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