Tocam os sinos na nossa aldeia
O tempo é mesmo cíclico. Chega o Verão e com ele o período de férias; e com ele os emigrantes, e com eles as festas. As ruas vestem-se de colorido, o adro da igreja limpa-se e toma um brio pouco habitual; há cheiros novos no ar e até o “Chico Zé” veste umas calças novas. É dia de festa, viva a festa.
Noutros tempos, as coisas eram mais simples e mais rústicas. Talvez também mais genuínas. Mas a verdade é que a música faz-se com grupos da terra, com gente pouco letrada e pouco especialista. O baile, porém, não faltava. À roda da igreja namorava-se e os os mais novos davam os primeiros passos nas lides do namoro. Comiam-se pevides e tremoços e bebia-se uma laranjada refrescante. Os foguetes faziam o barulho necessário e o convívio entre os vizinhos não deixavam lugar para dúvidas: havia festa na terra.
Hoje as coisas são diferentes: as músicas exigem grupos cada dia mais técnicos e sofisticados, mesmo que cantem a fingir; os namoros já não existem; os tremoços e pevides foram substituídos por comidas bem mais modernas e sofisticadas (depois das farturas, chegaram as gomas); os foguetes são proibidos e há fogo de luzes no ar; os vizinhos não vêm e esperam-se os forasteiros. Continua, porém, a festa na terra.
A Igreja sempre preconizou a festa e a alegria como forma de celebrar e testemunhar a fé. O crente deve ser alguém feliz e alegre, porque sabe que encontrou um verdadeiro tesouro na sua vida. Aliás, um santo triste, tornou-se um triste santo”. A festa, a alegria e o convívio tornaram-se mesmo o maior testemunho da fé. A tal ponto que alguns viram nisso uma oportunidade para arranjar formas de subsitência e manutenção das muitas despesas da igreja. E o que era fruto da simplicidade e verdade do povo, entrou lentamente na corrente comercialista e ecomomicista do nosso tempo. Hoje, não há festa que não olhe aos resultados económicos; a avaliação faz-se muitas vezes a partir dos mesmos resultados: uma festa boa é a que deu muito lucro e uma festa má é a que deu prejuízo.
E no meio de tudo, de olhar plácido sereno e tranquilo, a figura do santo padroeiro, em nome do qual tudo se faz, tudo se programa e tudo se diz.
Andaremos nós enganados e a enganar-nos a nós mesmos? Estaremos assim tão errados? Haverá alguma réstia de verdade no meio disto tudo?
Os meses de Julho, Agosto e Setembro, são marcados pela realização de inúmeras festas, que na nossa diocese, vão para lá das 80 só nos três meses referidos, e somos uma das mais pequenas dioceses (73 paróquias) do País. Olhamos os programas e somos tentados a dizer que nem tudo o que se faz, se faz em nome da fé e de Deus.
Mas o bonito da vida é que nem tudo é como pensamos ou imaginamos. E Deus tem o condão de estar onde menos O esperamos. Mais do que pensar que Ele não está lá, importa descobrir onde ele está no meio do silêncio e do deserto. Se alguns vivem a festa sem o mínimo de espirito cristão outros há que o vivem intensamente. Mais que criticar importa analisar e avaliar.
Esta edição fomos à procura das festas religiosas. Percorremos 10, falamos, contactamos e conhecemos o ambiente de cada uma. Ficamos admirados com o encontramos. Muito longe do que pensávamos. Aqui deixamos pistas de reflexão.
[Edição de 28 de Agosto]
Noutros tempos, as coisas eram mais simples e mais rústicas. Talvez também mais genuínas. Mas a verdade é que a música faz-se com grupos da terra, com gente pouco letrada e pouco especialista. O baile, porém, não faltava. À roda da igreja namorava-se e os os mais novos davam os primeiros passos nas lides do namoro. Comiam-se pevides e tremoços e bebia-se uma laranjada refrescante. Os foguetes faziam o barulho necessário e o convívio entre os vizinhos não deixavam lugar para dúvidas: havia festa na terra.
Hoje as coisas são diferentes: as músicas exigem grupos cada dia mais técnicos e sofisticados, mesmo que cantem a fingir; os namoros já não existem; os tremoços e pevides foram substituídos por comidas bem mais modernas e sofisticadas (depois das farturas, chegaram as gomas); os foguetes são proibidos e há fogo de luzes no ar; os vizinhos não vêm e esperam-se os forasteiros. Continua, porém, a festa na terra.
A Igreja sempre preconizou a festa e a alegria como forma de celebrar e testemunhar a fé. O crente deve ser alguém feliz e alegre, porque sabe que encontrou um verdadeiro tesouro na sua vida. Aliás, um santo triste, tornou-se um triste santo”. A festa, a alegria e o convívio tornaram-se mesmo o maior testemunho da fé. A tal ponto que alguns viram nisso uma oportunidade para arranjar formas de subsitência e manutenção das muitas despesas da igreja. E o que era fruto da simplicidade e verdade do povo, entrou lentamente na corrente comercialista e ecomomicista do nosso tempo. Hoje, não há festa que não olhe aos resultados económicos; a avaliação faz-se muitas vezes a partir dos mesmos resultados: uma festa boa é a que deu muito lucro e uma festa má é a que deu prejuízo.
E no meio de tudo, de olhar plácido sereno e tranquilo, a figura do santo padroeiro, em nome do qual tudo se faz, tudo se programa e tudo se diz.
Andaremos nós enganados e a enganar-nos a nós mesmos? Estaremos assim tão errados? Haverá alguma réstia de verdade no meio disto tudo?
Os meses de Julho, Agosto e Setembro, são marcados pela realização de inúmeras festas, que na nossa diocese, vão para lá das 80 só nos três meses referidos, e somos uma das mais pequenas dioceses (73 paróquias) do País. Olhamos os programas e somos tentados a dizer que nem tudo o que se faz, se faz em nome da fé e de Deus.
Mas o bonito da vida é que nem tudo é como pensamos ou imaginamos. E Deus tem o condão de estar onde menos O esperamos. Mais do que pensar que Ele não está lá, importa descobrir onde ele está no meio do silêncio e do deserto. Se alguns vivem a festa sem o mínimo de espirito cristão outros há que o vivem intensamente. Mais que criticar importa analisar e avaliar.
Esta edição fomos à procura das festas religiosas. Percorremos 10, falamos, contactamos e conhecemos o ambiente de cada uma. Ficamos admirados com o encontramos. Muito longe do que pensávamos. Aqui deixamos pistas de reflexão.
[Edição de 28 de Agosto]
Etiquetas: editorial