Sempre alerta, para servir
Com as férias à porta, O Mensageiro saiu do gabinete para ir ao encontro dos escuteiros da região reunidos num mega encontro a decorrer na mata do Souto da Carpalhosa. Um acampamento singular e que pretendeu ser uma novidade, no contexto das actividades do CNE, e que foi um êxito.
A realização desta actividade vem, por outro lado, colocar a questão sobre o escutismo, a sua originalidade e essência, mas também a forma como nós, de fora, olhamos o escutismo no seu todo e os escuteiros no particular. Uma questão que nos parece importante por dois motivos: por um lado, está a forma utilitarista com que muitas vezes se fala dos escuteiros (lembramo-nos deles quando precisamos de alguém para dar colorido a uma manifestação ou para orientar um percurso ou actividade); por outro lado, o incentivo de muitos pais que querem inscrever os filhos no escutismo por razões também elas utilitaristas (trata-se de uma forma de lhes arranjar uma ocupação).
Ser escuteiro não é inscrever-se num grupo ou ser sócio de um clube. É-se escuteiro por vocação, e nem todos os que gostam do escutismo terão essa vocação. De facto não se trata de um gosto por uma actividade ou por uma forma de vida aliciante; não se trata de uma busca de protagonismo, em tempo de infância. Trata-se da resposta a uma vocação. O que significa que se é escuteiro porque se é chamado a isso, e não por simples auto-proposta, por simples gosto ou atracção e muito menos para ocupar o tempo.
A preocupação que Baden Powell tinha na sua concepção do escutismo era essencialmente educativa: pretendia ajudar os jovens e adolescentes na sua formação humana e cristã. Ao imaginar a estrutura do escutismo, pensou formas e actividades cuja finalidade ia para lá, muito para lá, da ocupação dos tempos livres. A pessoa, o indivíduo e a sua sociabilização estavam na base de tudo. E esse continua a ser princípio básico do escutismo. Mais que fazer coisas ou actividades, trata-se de uma escola de formação que requer a adesão a valores concretos e exige determinadas apetências. Trata-se de um caminho e um percurso por etapas, só possível depois de ultrapassadas algumas provas. No final do percurso pretende-se conseguir maior maturidade do indivíduo e uma mais completa integração social. Não se pode fazer, por isso, de ânimo leve, como quem é membro de direito, sem porém se entregar de corpo e alma. No final, ser-se escuteiro é optar por um concreto estilo de vida e é possuir uma específica forma de estar na vida. Se o escuteiro termina a sua caminhada ao atingir determinada idade, já o espírito escutista prolonga-se até ao final da vida. Sempre alerta, para servir.
Ao falarmos sobre este movimento queremos também deixar uma interrogação sobre a forma como entendemos e vivemos o escutismo. Mais que uma actividade, falamos nesta edição, de um estilo de vida, uma proposta para se formar na escola da vida.
[Edição de 14 de Agosto]
A realização desta actividade vem, por outro lado, colocar a questão sobre o escutismo, a sua originalidade e essência, mas também a forma como nós, de fora, olhamos o escutismo no seu todo e os escuteiros no particular. Uma questão que nos parece importante por dois motivos: por um lado, está a forma utilitarista com que muitas vezes se fala dos escuteiros (lembramo-nos deles quando precisamos de alguém para dar colorido a uma manifestação ou para orientar um percurso ou actividade); por outro lado, o incentivo de muitos pais que querem inscrever os filhos no escutismo por razões também elas utilitaristas (trata-se de uma forma de lhes arranjar uma ocupação).
Ser escuteiro não é inscrever-se num grupo ou ser sócio de um clube. É-se escuteiro por vocação, e nem todos os que gostam do escutismo terão essa vocação. De facto não se trata de um gosto por uma actividade ou por uma forma de vida aliciante; não se trata de uma busca de protagonismo, em tempo de infância. Trata-se da resposta a uma vocação. O que significa que se é escuteiro porque se é chamado a isso, e não por simples auto-proposta, por simples gosto ou atracção e muito menos para ocupar o tempo.
A preocupação que Baden Powell tinha na sua concepção do escutismo era essencialmente educativa: pretendia ajudar os jovens e adolescentes na sua formação humana e cristã. Ao imaginar a estrutura do escutismo, pensou formas e actividades cuja finalidade ia para lá, muito para lá, da ocupação dos tempos livres. A pessoa, o indivíduo e a sua sociabilização estavam na base de tudo. E esse continua a ser princípio básico do escutismo. Mais que fazer coisas ou actividades, trata-se de uma escola de formação que requer a adesão a valores concretos e exige determinadas apetências. Trata-se de um caminho e um percurso por etapas, só possível depois de ultrapassadas algumas provas. No final do percurso pretende-se conseguir maior maturidade do indivíduo e uma mais completa integração social. Não se pode fazer, por isso, de ânimo leve, como quem é membro de direito, sem porém se entregar de corpo e alma. No final, ser-se escuteiro é optar por um concreto estilo de vida e é possuir uma específica forma de estar na vida. Se o escuteiro termina a sua caminhada ao atingir determinada idade, já o espírito escutista prolonga-se até ao final da vida. Sempre alerta, para servir.
Ao falarmos sobre este movimento queremos também deixar uma interrogação sobre a forma como entendemos e vivemos o escutismo. Mais que uma actividade, falamos nesta edição, de um estilo de vida, uma proposta para se formar na escola da vida.
[Edição de 14 de Agosto]
Etiquetas: editorial