Dentro de ti, ó Leiria
Os fundos comunitários continuam a “chover” no país. São programas de requalificação urbana, e histórica que implantados nas muitas cidades vão moldando a fisionomia das terras e das gentes. Desde que entrou na UE, Portugal tem sido agraciado com muitos projectos e investimentos que são também um dos rostos visíveis da construção europeia. A grande comunidade europeia faz-se também nos retoques arquitectónicos e paisagísticos de cada país.
Leiria, a cidade que nos acolhe, apanhou o comboio europeu e candidatou-se a vários planos e projectos que estão já a dar os seus resultados. Temos hoje uma cidade pintada de novo, sobressai a aposta na abertura dos espaços, o arejamento dos edifícios e a criação de zonas verdes, lúdicas e propícias ao convívio. Caminham de mãos dadas a arquitectura, o lazer e a saúde. Mas se todos estes projectos são de louvar, eles são também espaço para algumas contrariedades, confusões e aberrações. Alguns planos são demasiado audaciosos, demasiado megalómanos para os locais onde são implantados, crescem as criticas, as dívidas e cresce também a descaracterização típica de determinadas zonas. Ganhamos todos um certo ar europeu, marcado pela beleza de olhos azuis, cabelos louros e tamanhos desmedidos. Perde-se, por vezes, a tipicidade latina e mediterrânica, feita de peles morenas, olhos castanhos e altura a tender para o baixo. Começa a ser muito monótono viajar por essa Europa, porque as praças e os jardins são todos iguais. Mais colorido menos colorido, a base estrutural vai-se uniformizando de tal forma que pouca novidade encontramos numa “Plaza Maior”, tão típica das cidades espanholas, quando comparada com uma qualquer praça das nossas cidades. A Europa teima em ser una; e parece entender essa união muito ao jeito da uniformização.
Neste contexto, mais se valoriza a originalidade do cristianismo que pugnando pela unidade afirma a diversidade: “embora sejamos muitos e diferentes, há um só baptismo, uma só fé, um só senhor”. A Europa que não quer ser cristã, vai traçando o seu próprio rumo e parece estar a chocar com a falta de variedade e originalidade. De facto a unidade na diversidade é um caminho penoso, difícil e mesmo impossível, se não houver um alicerce mais forte que o capital. O que a Europa está a precisar é que todas estas requalificações e transformações urbanísticas e paisagistas tenham um alicerce, obedeçam a uma filosofia que vá mais longe que o utilitarismo e capitalismo modernos. Não se pode perder sem mais a história e a tradição de cada povo e cada nação.
Leiria, está transformada e vai continuar a transformar-se, como damos a conhecer nesta edição, mas importa que Leiria não se descaracterize. Ela é a cidade do Lis, a cidade onde vivem musas encantadas, a cidade da fé, a cidade do sol. Que pelo menos dentro de cada um de nós não se apague esta memória de forma a que os leirienses de amanhã conheçam de forma clara as suas raízes.
[Edição de 7 de Agosto]
Leiria, a cidade que nos acolhe, apanhou o comboio europeu e candidatou-se a vários planos e projectos que estão já a dar os seus resultados. Temos hoje uma cidade pintada de novo, sobressai a aposta na abertura dos espaços, o arejamento dos edifícios e a criação de zonas verdes, lúdicas e propícias ao convívio. Caminham de mãos dadas a arquitectura, o lazer e a saúde. Mas se todos estes projectos são de louvar, eles são também espaço para algumas contrariedades, confusões e aberrações. Alguns planos são demasiado audaciosos, demasiado megalómanos para os locais onde são implantados, crescem as criticas, as dívidas e cresce também a descaracterização típica de determinadas zonas. Ganhamos todos um certo ar europeu, marcado pela beleza de olhos azuis, cabelos louros e tamanhos desmedidos. Perde-se, por vezes, a tipicidade latina e mediterrânica, feita de peles morenas, olhos castanhos e altura a tender para o baixo. Começa a ser muito monótono viajar por essa Europa, porque as praças e os jardins são todos iguais. Mais colorido menos colorido, a base estrutural vai-se uniformizando de tal forma que pouca novidade encontramos numa “Plaza Maior”, tão típica das cidades espanholas, quando comparada com uma qualquer praça das nossas cidades. A Europa teima em ser una; e parece entender essa união muito ao jeito da uniformização.
Neste contexto, mais se valoriza a originalidade do cristianismo que pugnando pela unidade afirma a diversidade: “embora sejamos muitos e diferentes, há um só baptismo, uma só fé, um só senhor”. A Europa que não quer ser cristã, vai traçando o seu próprio rumo e parece estar a chocar com a falta de variedade e originalidade. De facto a unidade na diversidade é um caminho penoso, difícil e mesmo impossível, se não houver um alicerce mais forte que o capital. O que a Europa está a precisar é que todas estas requalificações e transformações urbanísticas e paisagistas tenham um alicerce, obedeçam a uma filosofia que vá mais longe que o utilitarismo e capitalismo modernos. Não se pode perder sem mais a história e a tradição de cada povo e cada nação.
Leiria, está transformada e vai continuar a transformar-se, como damos a conhecer nesta edição, mas importa que Leiria não se descaracterize. Ela é a cidade do Lis, a cidade onde vivem musas encantadas, a cidade da fé, a cidade do sol. Que pelo menos dentro de cada um de nós não se apague esta memória de forma a que os leirienses de amanhã conheçam de forma clara as suas raízes.
[Edição de 7 de Agosto]