Homo ludicus
O ser humano é um complexo interessante de emoções e sentimentos que tecem a malha final. Uma teia enorme de características singulares que trabalhando em rede, compõem o todo do indivíduo, com as suas características particulares e únicas. Esquecer ou ignorar uma dessas características é criar um monstro, uma unidade incompreensível e a todos os níveis deformada.
O desporto é um dos aspectos que fazem o ser humano um verdadeiro homem, semelhança de Deus. No desporto não apenas desenvolve os músculos e cuida do físico, como também a mente se desenvolve, o espírito se pacifica e a relação social se fortalece. A prática desportiva tem um alcance mais vasto que o simples robustecimento muscular. Ser mais homem não é ter um corpo mais esteticamente conforme ao paradigma considerado de forma acordada. Ser mais homem é ser-se mais com os outros, é estar mais em harmonia com o ambiente, é viver em paz interior. Mais e mais à semelhança de Deus. E o desporto gera e desenvolve tudo isso.
A sociedade capitalista, porém, neste, como em tantos outros aspectos da vida, procura fazer desta realidade tão essencial uma fonte de receita económica. O desporto passa a ser fonte geradora de capital; lucra-se com uma prática tão necessária como o ar que respiramos; vendem--se e compram-se atletas como se de mercadorias se tratasse; organizam-se espectáculos desportivos com o intuito único de ganhar dinheiro e chega- -se ao ponto de submeter o desportista a práticas e artimanhas cujo objectivo é simplesmente “fazer batota” neste complexo mundo de emoções. Aqui, como em tantos outros aspectos da nossa vida, a sede do lucro a todo o custo acaba por perverter o que era belo e saudável, necessário e fundamental.
Também neste campo, como em tantos outros, a Igreja sempre soube manter uma posição mais concordante com a verdade e não sujeita à fome e à sede do lucro desenfreado. Perita em humanismo, ela não se cansa de promover a prática saudável do desporto e não pode deixar de falar por ocasião dos grandes eventos. Na nossa memória ficou bem vincado o encontro do Papa por ocasião do jubileu dos desportistas, no ano 2000. Um encontro que foi um apelo e uma afirmação da verdade do desporto. Uma verdade que o mundo quer a cada dia que passa desfazer e ignorar.
Começou o campeonato europeu de futebol. Portugal e os portugueses, guiados por uma comunicação social que muito ganha com tudo isto, estão ao rubro. A febre do desporto entra pelas portas e desestabiliza vidas e programas; tornamo-nos todos treinadores de bancada e peritos em desporto. A febre está aí e propaga-se. Falta, em nosso entender, uma ponderação e um equilíbrio que os países organizadores demonstram, e que de alguma forma torna a nossa febre verdadeiramente doentia e até ridícula. O Mensageiro quer ajudar a humanizar o desporto, já que este é também forma de humanizar o indivíduo.
[Edição de 12 de Junho]
O desporto é um dos aspectos que fazem o ser humano um verdadeiro homem, semelhança de Deus. No desporto não apenas desenvolve os músculos e cuida do físico, como também a mente se desenvolve, o espírito se pacifica e a relação social se fortalece. A prática desportiva tem um alcance mais vasto que o simples robustecimento muscular. Ser mais homem não é ter um corpo mais esteticamente conforme ao paradigma considerado de forma acordada. Ser mais homem é ser-se mais com os outros, é estar mais em harmonia com o ambiente, é viver em paz interior. Mais e mais à semelhança de Deus. E o desporto gera e desenvolve tudo isso.
A sociedade capitalista, porém, neste, como em tantos outros aspectos da vida, procura fazer desta realidade tão essencial uma fonte de receita económica. O desporto passa a ser fonte geradora de capital; lucra-se com uma prática tão necessária como o ar que respiramos; vendem--se e compram-se atletas como se de mercadorias se tratasse; organizam-se espectáculos desportivos com o intuito único de ganhar dinheiro e chega- -se ao ponto de submeter o desportista a práticas e artimanhas cujo objectivo é simplesmente “fazer batota” neste complexo mundo de emoções. Aqui, como em tantos outros aspectos da nossa vida, a sede do lucro a todo o custo acaba por perverter o que era belo e saudável, necessário e fundamental.
Também neste campo, como em tantos outros, a Igreja sempre soube manter uma posição mais concordante com a verdade e não sujeita à fome e à sede do lucro desenfreado. Perita em humanismo, ela não se cansa de promover a prática saudável do desporto e não pode deixar de falar por ocasião dos grandes eventos. Na nossa memória ficou bem vincado o encontro do Papa por ocasião do jubileu dos desportistas, no ano 2000. Um encontro que foi um apelo e uma afirmação da verdade do desporto. Uma verdade que o mundo quer a cada dia que passa desfazer e ignorar.
Começou o campeonato europeu de futebol. Portugal e os portugueses, guiados por uma comunicação social que muito ganha com tudo isto, estão ao rubro. A febre do desporto entra pelas portas e desestabiliza vidas e programas; tornamo-nos todos treinadores de bancada e peritos em desporto. A febre está aí e propaga-se. Falta, em nosso entender, uma ponderação e um equilíbrio que os países organizadores demonstram, e que de alguma forma torna a nossa febre verdadeiramente doentia e até ridícula. O Mensageiro quer ajudar a humanizar o desporto, já que este é também forma de humanizar o indivíduo.
[Edição de 12 de Junho]
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