Comemorar sem brincar
A comemoração de dias internacionais está na moda. É uma forma de chamar a atenção para determinadas situações, e é também uma maneira para trazer para a praça pública a discussão. Também há quem brinque com esta forma de falar dos assuntos, instituindo dias especiais para temas sem interesse. A nossa televisão pública é disso exemplo, com um programa onde são “oficializadas” comemorações de determinados dias, com temas que chegam a ser provocantes. À força de tanto usar este estratagema perde-se a força de que estas comemorações poderiam, e até deveriam, revestir-se. Corre-se o risco, por exemplo, de fazer passar ao lado as comemorações que a ONU e a UNESCO trouxeram para o ano 2008. À força de estar na moda, acabamos por perder o interesse, deixando a estratégia de sortir o efeito que se pretendia.
No presente ano, quatro propostas destas organizações merecem a nossa atenção e um destaque especial, a saber: Ano Internacional do Saneamento, Ano Internacional das Línguas, Ano Internacional do Planeta Terra, Ano Internacional da Batata. Além destas comemorações merece ainda referência a proposta da EU para comemorar o Ano Europeu do Diálogo Intercultural. Trata-se de preocupações que a todos devem dizer respeito e que a todos devem envolver. Esta abordagem, que trazemos às nossas páginas nesta edição, é motivo para reflectirmos sobre a forma, por vezes pouco séria, com que falamos de determinados problemas e assuntos de importância capital. Esta é, aliás, a forma que domina as nossas conversas, muito ao contrário do que a Igreja sempre fez e da forma com que sempre se aproximou dos assuntos e temas que trouxe à discussão. Sem interesses comerciais, sem preocupações economicistas ou de protagonismo, sempre quis que a discussão fosse uma real reflexão com o objectivo de criar um mundo mais humano e mais solidário. O preço a pagar por essa aposta na verdade e na seriedade é o desinteresse com que muitas vezes é recebida. Prova de que estamos já pouco interessados na discussão séria, apenas nos interessa o balofo e soft.
As questões que agora preocupam os organismos internacionais prendem-se com o futuro do planeta e da humanidade: a alimentação, a cultura, a qualidade de vida são de facto assuntos que devem merecer a nossa atenção. Por isso, seria de bom-tom que estas comemorações não fossem colocadas ao nível de tantas outras que por aí há, e se tornassem verdadeiros momentos de reflexão e de tomada de decisão. Haverá certamente muito a fazer em qualquer destes sectores que são postos à reflexão, e sobretudo cada um de nós encontrará uma interpelação e um desafio, para que estas comemorações não se fiquem pela designação, mas se tornem efectivas formas de acção. Por outro lado, é importante referir que a institucionalização destas datas prende-se com o facto de se tratar de problemas sociais que carecem de resolução, e não de motivos para passar o tempo.
Ao abordarmos estas questões fazemo-lo no sentido de avivar a memória e a reflexão dos nossos leitores para que possam ter em conta estas temáticas e se predisponham para uma reflexão serena e séria sobre os assuntos abordados. Não esgotamos o tema, mas queremos informar para que dessa forma possamos também formar.
[Edição de 8 de Maio]
No presente ano, quatro propostas destas organizações merecem a nossa atenção e um destaque especial, a saber: Ano Internacional do Saneamento, Ano Internacional das Línguas, Ano Internacional do Planeta Terra, Ano Internacional da Batata. Além destas comemorações merece ainda referência a proposta da EU para comemorar o Ano Europeu do Diálogo Intercultural. Trata-se de preocupações que a todos devem dizer respeito e que a todos devem envolver. Esta abordagem, que trazemos às nossas páginas nesta edição, é motivo para reflectirmos sobre a forma, por vezes pouco séria, com que falamos de determinados problemas e assuntos de importância capital. Esta é, aliás, a forma que domina as nossas conversas, muito ao contrário do que a Igreja sempre fez e da forma com que sempre se aproximou dos assuntos e temas que trouxe à discussão. Sem interesses comerciais, sem preocupações economicistas ou de protagonismo, sempre quis que a discussão fosse uma real reflexão com o objectivo de criar um mundo mais humano e mais solidário. O preço a pagar por essa aposta na verdade e na seriedade é o desinteresse com que muitas vezes é recebida. Prova de que estamos já pouco interessados na discussão séria, apenas nos interessa o balofo e soft.
As questões que agora preocupam os organismos internacionais prendem-se com o futuro do planeta e da humanidade: a alimentação, a cultura, a qualidade de vida são de facto assuntos que devem merecer a nossa atenção. Por isso, seria de bom-tom que estas comemorações não fossem colocadas ao nível de tantas outras que por aí há, e se tornassem verdadeiros momentos de reflexão e de tomada de decisão. Haverá certamente muito a fazer em qualquer destes sectores que são postos à reflexão, e sobretudo cada um de nós encontrará uma interpelação e um desafio, para que estas comemorações não se fiquem pela designação, mas se tornem efectivas formas de acção. Por outro lado, é importante referir que a institucionalização destas datas prende-se com o facto de se tratar de problemas sociais que carecem de resolução, e não de motivos para passar o tempo.
Ao abordarmos estas questões fazemo-lo no sentido de avivar a memória e a reflexão dos nossos leitores para que possam ter em conta estas temáticas e se predisponham para uma reflexão serena e séria sobre os assuntos abordados. Não esgotamos o tema, mas queremos informar para que dessa forma possamos também formar.
[Edição de 8 de Maio]
Etiquetas: editorial