Vocações ao serviço da Igreja-Missão
A diocese de Leiria vive ao ritmo do projecto pastoral definido para vários anos: depois da reflexão sobre o acolhimento e a vocação, vive este ano na solidificação destas duas dinâmicas da pastoral. O bispo da diocese tem levado a todos os ambientes a ideia da vocação como resposta alegre ao acolhimento que o próprio Deus faz a cada homem e a cada comunidade. Sentir-se acolhido e amado por Deus, requer da parte de cada um uma resposta. E ao amor responde-se com amor, de forma generosa, consciente e clara. Apesar deste ser o desafio e apesar das acções pastorais serem regidas por esta dinâmica, a verdade é que o tempo é de sementeira, requerendo-se para os que semeiam uma grande dose de paciência e calma, na certeza de que os frutos levam o seu tempo para amadurecer, e que outros serão os que irão colher.
É comum falar-se em crise de vocações, cientes como estamos de que os tempos modernos não são propícios para que a seara se encha de trabalhadores generosos e audazes. Os medos e os receios têm fundamento, quando se analisam os dados e se verifica que, excepto uma pequena viragem no ano 2006, a realidade da Igreja em Portugal, como em praticamente em todo o mundo, vive a braços com o decréscimo de ordenações sacerdotais e religiosas. Há depois, todo o enfoques dado à ideia da vocação comum dos fiéis, a vocação baptismal, entendida como maior consciencialização por parte dos fiéis leigos na sua missão no mundo e na sociedade. Aí os dados serão menos visíveis e menos propícios a qualquer análise sociológica. Neste campo, aliás, até parece que o decréscimo na quantidade está na proporção directa da qualidade. Pelo menos assim queremos crer e há sinais de que assim seja. Temos menos cristãos praticantes, mas temos porventura maior consciência do papel e da missão de cada um.
É neste contexto, como pode ser analisado nos textos desta semana, que a Igreja Portuguesa se prepara para viver mais uma semana de oração pelas vocações, de 6 a 13 de Abril. Uma ocasião para repensar a situação geral e pedir ao senhor da messe que mande mais trabalhadores para a Sua messe; mas também uma ocasião para cada um rever a sua própria situação e fazer um sério exame de consciência, revendo o modo como está a responder aos desafios provocados pela ternura de Deus. Importa, por isso, parar, reflectir e ouvir, para voltar a orientar a bússola na direcção certa.
Qualquer exame deste tipo deve, no entanto, ter um ponto de referência; saber qual o ponto que deve nortear a reflexão, conhecer a origem e a meta do percurso. A diocese de Leiria-Fátima tem como referência a ternura de Deus. E é à luz dessa mesma ternura que cada um é agora convidado a rever a sua vida. Cada pessoa e cada comunidade. A ternura de Deus que se manifesta na história de cada um, com momentos bons e maus, na nossa perspectiva, sempre bons na perspectiva de Deus, que “escreve direito por linhas tortas”, como diz o povo. Cada acontecimento, cada pessoa, cada passo e cada dia revelam essa ternura. Só na medida em que aceitarmos ser objecto dessa ternura sentiremos também vontade de lhe responder e nessa resposta estará a descoberta da vocação de cada um. Longe vão os dias em que entendíamos a vocação como se de um encontro místico se tratasse, em que se ouvia de forma nítida e quase aterradora a voz de Deus, indicando rumos e projectos de vida. Hoje os sinais dos tempos são a voz clara e misteriosa do mesmo Deus que chama a cada momento. Para os saber ler é preciso fazer silêncio, deixar o stress, a correria desenfreada e o estilo soft em que vive a nossa sociedade. Como no caso do profeta de há três mil anos, também hoje Deus fala mais na brisa suave, no vento que sopra onde quer e como quer “ouves a sua voz mas não sabes de onde vem nem para onde vai”.
Nesta edição apresentamos os números e deixamos algumas propostas para fazer silêncio e escutar a voz de Deus, que nos fala da Sua ternura. Descobrindo-a descobriremos a nossa vocação.
[Edição de 3 de Abril]
É comum falar-se em crise de vocações, cientes como estamos de que os tempos modernos não são propícios para que a seara se encha de trabalhadores generosos e audazes. Os medos e os receios têm fundamento, quando se analisam os dados e se verifica que, excepto uma pequena viragem no ano 2006, a realidade da Igreja em Portugal, como em praticamente em todo o mundo, vive a braços com o decréscimo de ordenações sacerdotais e religiosas. Há depois, todo o enfoques dado à ideia da vocação comum dos fiéis, a vocação baptismal, entendida como maior consciencialização por parte dos fiéis leigos na sua missão no mundo e na sociedade. Aí os dados serão menos visíveis e menos propícios a qualquer análise sociológica. Neste campo, aliás, até parece que o decréscimo na quantidade está na proporção directa da qualidade. Pelo menos assim queremos crer e há sinais de que assim seja. Temos menos cristãos praticantes, mas temos porventura maior consciência do papel e da missão de cada um.
É neste contexto, como pode ser analisado nos textos desta semana, que a Igreja Portuguesa se prepara para viver mais uma semana de oração pelas vocações, de 6 a 13 de Abril. Uma ocasião para repensar a situação geral e pedir ao senhor da messe que mande mais trabalhadores para a Sua messe; mas também uma ocasião para cada um rever a sua própria situação e fazer um sério exame de consciência, revendo o modo como está a responder aos desafios provocados pela ternura de Deus. Importa, por isso, parar, reflectir e ouvir, para voltar a orientar a bússola na direcção certa.
Qualquer exame deste tipo deve, no entanto, ter um ponto de referência; saber qual o ponto que deve nortear a reflexão, conhecer a origem e a meta do percurso. A diocese de Leiria-Fátima tem como referência a ternura de Deus. E é à luz dessa mesma ternura que cada um é agora convidado a rever a sua vida. Cada pessoa e cada comunidade. A ternura de Deus que se manifesta na história de cada um, com momentos bons e maus, na nossa perspectiva, sempre bons na perspectiva de Deus, que “escreve direito por linhas tortas”, como diz o povo. Cada acontecimento, cada pessoa, cada passo e cada dia revelam essa ternura. Só na medida em que aceitarmos ser objecto dessa ternura sentiremos também vontade de lhe responder e nessa resposta estará a descoberta da vocação de cada um. Longe vão os dias em que entendíamos a vocação como se de um encontro místico se tratasse, em que se ouvia de forma nítida e quase aterradora a voz de Deus, indicando rumos e projectos de vida. Hoje os sinais dos tempos são a voz clara e misteriosa do mesmo Deus que chama a cada momento. Para os saber ler é preciso fazer silêncio, deixar o stress, a correria desenfreada e o estilo soft em que vive a nossa sociedade. Como no caso do profeta de há três mil anos, também hoje Deus fala mais na brisa suave, no vento que sopra onde quer e como quer “ouves a sua voz mas não sabes de onde vem nem para onde vai”.
Nesta edição apresentamos os números e deixamos algumas propostas para fazer silêncio e escutar a voz de Deus, que nos fala da Sua ternura. Descobrindo-a descobriremos a nossa vocação.
[Edição de 3 de Abril]
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