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Tradições da fé

A minha avó costumava levar-me à missa e sentar-me junto dela. Sempre no mesmo banco, sempre no mesmo lugar. Lembro-me que ela rezava o terço enquanto a missa decorria e lembro-me ainda que eu tinha alguma curiosidade em relação ao que ela dizia. Nem sei mesmo se ela sabia que a oração do terço consistia na meditação dos mistérios; nem sei se ela sabia os mistérios que supostamente deveria rezar. E no entanto, a minha avó era uma pessoa embebida de uma fé genuína e singular. Ensinou-me os primeiros passos e ensinou-me como sabia a viver a fé. Ela não sabia ler nem escrever, nunca leu a Bíblia, nunca frequentou qualquer curso de actualização teológica ou doutrinal. Morreu, contudo, na certeza de que partia para um encontro com o esposo a quem sempre amara.

Hoje sei que a sua fé foi feita de memórias, tradições e orações, que por vezes nem ela mesma entendia, mas que repetia com apurada devoção e verdade. Na nossa aldeia havia rituais expressivos de uma religiosidade cuja origem se perdia no tempo. Mas foram esses rituais que alimentaram gerações e fizeram crescer outras gerações. Lembro, ainda, que o Tempo da Quaresma estava impregnado de costumes e rituais que davam a estes quarenta dias uma dimensão espiritual única capaz de fazer crescer na fé e responder aos desafios de Deus: via-sacra, jejuns e abstinências (desde a comida, à música, aos bailes), representações cénicas e procissões várias, marcavam o ritmo e alcançavam objectivos traçados.

No Seminário conheci os primeiros momentos de transformação e renovação desta forma de viver a fé. Ali me deparei com ideias novas, reflexões e teologias inovadoras, propostas diferentes. Ali tive conhecimento de muitos e diferenciados cursos de actualização, ali aprendi a rezar o terço de mil e uma forma diferente, dei comigo a questionar verdades e ritos que até então eram normais.

Já padre, ainda nos primeiros anos de exercício, dei comigo no meio de uma multidão de gente na orientação de uma procissão dos passos, realizada de forma muito apaixonada e emotiva. Lembro como nessa noite me questionei sobre o que tinha feito. Assaltaram-me as recordações da infância e parecia travar-se uma batalha com as reflexões teológicas trazidas do Seminário. Andei perdido sem saber por onde seguir, por onde traçar caminho.

Ainda hoje a solução não é fácil e vou-me interrogando. A Igreja renovada que quero e sinto ser necessária poderá de alguma forma conciliar-se com estas formas de expressar a fé que foram tesouro de vida noutros tempos? A resposta não é fácil, sobretudo porque as novas propostas nem sempre são ajustadas e compreendidas, parece que os resultados não são tão evidentes como outrora.

Mas tenho uma certeza em mim, é preciso reavivar sem perder o valor que estava e está ainda contido nessas expressões do passado. É preciso fazer caminho, é preciso renovar, inovar, mudar, mas também é preciso preservar o valor da fé que sempre esteve presente.

Nesta edição tentamos abordar o assunto a partir de uma tradição típica na nossa zona: a procissão dos passos.

[Edição Nº 4697, 6 de Março]

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