Fé ou sublimação?
Para uma grande franja dos crentes, a fé é vivida como sublimação dos momentos difíceis. Muitos encontram aí uma espécie de antídoto para ultrapassar os momentos de dor. Por isso, associam à fé a ideia de um milagre e um conforto que seja um tranquilizante ou uma reviravolta na sua situação. É óbvio que não é esse o objectivo, nem pode ser essa a principal motivação para a fé.
Mas a fé tem também o seu lado paliativo e, mesmo, curativo. Não como fórmula mágica, mas como chave de leitura e compreensão. Ou seja, o crente encontra em Deus uma maior capacidade para transformar um momento difícil em etapa de crescimento. Mais do que para alterar uma situação de doença, encontramos na fé a capacidade para perceber a sua razão e, ao mesmo tempo, transformá-la em percurso de vida. Não se trata de uma sublimação ou resignação sofrida (“que remédio”), mas de uma oportunidade para nos tornarmos protagonistas de uma nova realidade, em que o amor vence a dor.
Sofrer com Jesus Cristo, ou associar o próprio sofrimento ao Seu, é uma forma de encontrar uma razão de ser, uma explicação para a situação presente, ao mesmo tempo que se desvelam caminhos para uma nova construção.
Para quem está do outro lado, nem sempre é fácil perceber este processo de transformação. A maioria das vezes, fica-se pela ideia de que os doentes vivem uma qualquer espécie de alienação e sublimação, sem sentido, nem razão. Mas, quem vive o seu sofrimento à luz da fé, descobre, na verdade, uma outra forma de valorizar a vida e dar sentido aos seus dias e à sua história.
Quando ainda era diácono, fiz um estágio de seis meses num hospital, próximo de doentes profundos. Foi neste contacto que acabei por encontrar razões para seguir em frente. Quando a pergunta sobre o “porquê a mim?” se transforma em “para quê”, então tudo na vida adquire um novo sentido, tudo tem razão de ser, e até aquilo que parecia um mal (um castigo) se transforma em momento de crescimento. Na verdade, os caminhos da santidade são imensos e há em todo este mundo da doença um filão por descobrir. Sobretudo nesta sociedade, em que o sofrimento é visto como negação do sentido da vida e da condição humana. Redescobrir o sofrimento pelos olhos da fé é, afinal, aprender a viver melhor.
Foi o que descobrimos no contacto com os doentes que visitámos nesta semana, em que celebramos a Paixão e Morte de Jesus. Ficam os testemunhos. Importa lê-los, respeitá-los e, quem sabe, talvez a Páscoa se transforme verdadeiramente naquilo que é: libertação.
[Edição de 20 de Março]
Mas a fé tem também o seu lado paliativo e, mesmo, curativo. Não como fórmula mágica, mas como chave de leitura e compreensão. Ou seja, o crente encontra em Deus uma maior capacidade para transformar um momento difícil em etapa de crescimento. Mais do que para alterar uma situação de doença, encontramos na fé a capacidade para perceber a sua razão e, ao mesmo tempo, transformá-la em percurso de vida. Não se trata de uma sublimação ou resignação sofrida (“que remédio”), mas de uma oportunidade para nos tornarmos protagonistas de uma nova realidade, em que o amor vence a dor.
Sofrer com Jesus Cristo, ou associar o próprio sofrimento ao Seu, é uma forma de encontrar uma razão de ser, uma explicação para a situação presente, ao mesmo tempo que se desvelam caminhos para uma nova construção.
Para quem está do outro lado, nem sempre é fácil perceber este processo de transformação. A maioria das vezes, fica-se pela ideia de que os doentes vivem uma qualquer espécie de alienação e sublimação, sem sentido, nem razão. Mas, quem vive o seu sofrimento à luz da fé, descobre, na verdade, uma outra forma de valorizar a vida e dar sentido aos seus dias e à sua história.
Quando ainda era diácono, fiz um estágio de seis meses num hospital, próximo de doentes profundos. Foi neste contacto que acabei por encontrar razões para seguir em frente. Quando a pergunta sobre o “porquê a mim?” se transforma em “para quê”, então tudo na vida adquire um novo sentido, tudo tem razão de ser, e até aquilo que parecia um mal (um castigo) se transforma em momento de crescimento. Na verdade, os caminhos da santidade são imensos e há em todo este mundo da doença um filão por descobrir. Sobretudo nesta sociedade, em que o sofrimento é visto como negação do sentido da vida e da condição humana. Redescobrir o sofrimento pelos olhos da fé é, afinal, aprender a viver melhor.
Foi o que descobrimos no contacto com os doentes que visitámos nesta semana, em que celebramos a Paixão e Morte de Jesus. Ficam os testemunhos. Importa lê-los, respeitá-los e, quem sabe, talvez a Páscoa se transforme verdadeiramente naquilo que é: libertação.
[Edição de 20 de Março]
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