Caminhar ou rezar?
A nossa diocese está ainda a viver o ambiente gerado pela 77ª peregrinação diocesana a Fátima. Por isso a nossa edição desta semana não pode deixar de abordar o assunto. Mas, em nosso entender, esta abordagem requer também uma reflexão sobre o sentido que cada um de nós dá à peregrinação.
Cerca de 25 mil peregrinos da diocese estiveram em Fátima no passado domingo. O programa foi meticulosamente pensado, trabalhado e elaborado. A Lectio Divina feita durante a Quaresma foi uma ajuda e uma forma de criar ambiente para esta peregrinação. Peregrinar significa “caminhar pelos campos”, caminhada essa que tem um objectivo ou finalidade: visitar um lugar sagrado. Neste sentido, a peregrinação não tem primeiramente nada a ver com a oração e com a celebração da fé. Embora no passado as peregrinações, sobretudo à Terra Santa, tenham sido valorizadas pelo seu lado celebrativo da fé. Seja como for, a peregrinação tem um método (caminhar) e tem uma finalidade ou objectivo (visita e permanência num lugar santo). Significa isto que o peregrino deve estar motivado por razões de fé e não outras que sejam estranhas à fé. Uma certa mentalidade moderna pretende confundir o chamado Turismo Religioso com a verdadeira Peregrinação. Se aquele é de ordem económica e lúdica, já esta é da ordem espiritual. Por isso, tudo o que compõe uma verdadeira peregrinação, como sejam os preparativos, é de capital importância, para que os peregrinos vivam, antes de mais, uma comunhão de sentimentos. Os rimos podem ser diferentes, os métodos de caminhada podem ser os mais variados, e até as motivações podem ser díspares; mas terá de haver sempre essa comunhão de sentimentos.
A peregrinação diocesana, tem como sentimento primordial a comunhão eclesial, a ideia de pertença a uma igreja particular que caminha numa mesma direcção e que celebra a alegria da caminhada. Por isso, ela é antes de mais uma resposta a uma convocatória. O bispo diocesano é aquele que convoca, e os inúmeros peregrinos, como ele mesmo, respondem a essa convocação. Para lá da convocatória, a elaboração de um programa que privilegie momentos de celebração, convívio e reflexão comunitários é de capital importância. Ir a Fátima inserido na peregrinação diocesana não é de forma alguma o mesmo que ir a Fátima por decisão e motivação própria. Há todo o aspecto comunitário que a Peregrinação Diocesana assume e deve ser prioritário. Por outro lado, a criação de um tema que sirva de pano de fundo para a Peregrinação é de capital importância e ajuda para que se gere essa comunhão de sentimentos.
Por tudo isso, terminada a 77ª peregrinação diocesana a Fátima, seria bom que cada comunidade, cada grupo, cada pessoa que se deslocou até Fátima pudesse reunir-se e partilhar avaliações, formas de vivência e sentimentos expressos. Não se trata aqui de discutir o programa, o tema e os espaços, esse trabalho caberá aos organizadores, mas a proposta é mais no sentido de cada um reflectir seriamente sobre a sua postura, as suas motivações e as suas vivências. Um desafio para o qual queremos ajudar, mas que obviamente deixamos à consideração de cada um. O importante é que esta peregrinação seja, cada vez mais, genuína e verdadeira.
[Edição Nº 4698, 13 de Março]
Cerca de 25 mil peregrinos da diocese estiveram em Fátima no passado domingo. O programa foi meticulosamente pensado, trabalhado e elaborado. A Lectio Divina feita durante a Quaresma foi uma ajuda e uma forma de criar ambiente para esta peregrinação. Peregrinar significa “caminhar pelos campos”, caminhada essa que tem um objectivo ou finalidade: visitar um lugar sagrado. Neste sentido, a peregrinação não tem primeiramente nada a ver com a oração e com a celebração da fé. Embora no passado as peregrinações, sobretudo à Terra Santa, tenham sido valorizadas pelo seu lado celebrativo da fé. Seja como for, a peregrinação tem um método (caminhar) e tem uma finalidade ou objectivo (visita e permanência num lugar santo). Significa isto que o peregrino deve estar motivado por razões de fé e não outras que sejam estranhas à fé. Uma certa mentalidade moderna pretende confundir o chamado Turismo Religioso com a verdadeira Peregrinação. Se aquele é de ordem económica e lúdica, já esta é da ordem espiritual. Por isso, tudo o que compõe uma verdadeira peregrinação, como sejam os preparativos, é de capital importância, para que os peregrinos vivam, antes de mais, uma comunhão de sentimentos. Os rimos podem ser diferentes, os métodos de caminhada podem ser os mais variados, e até as motivações podem ser díspares; mas terá de haver sempre essa comunhão de sentimentos.
A peregrinação diocesana, tem como sentimento primordial a comunhão eclesial, a ideia de pertença a uma igreja particular que caminha numa mesma direcção e que celebra a alegria da caminhada. Por isso, ela é antes de mais uma resposta a uma convocatória. O bispo diocesano é aquele que convoca, e os inúmeros peregrinos, como ele mesmo, respondem a essa convocação. Para lá da convocatória, a elaboração de um programa que privilegie momentos de celebração, convívio e reflexão comunitários é de capital importância. Ir a Fátima inserido na peregrinação diocesana não é de forma alguma o mesmo que ir a Fátima por decisão e motivação própria. Há todo o aspecto comunitário que a Peregrinação Diocesana assume e deve ser prioritário. Por outro lado, a criação de um tema que sirva de pano de fundo para a Peregrinação é de capital importância e ajuda para que se gere essa comunhão de sentimentos.
Por tudo isso, terminada a 77ª peregrinação diocesana a Fátima, seria bom que cada comunidade, cada grupo, cada pessoa que se deslocou até Fátima pudesse reunir-se e partilhar avaliações, formas de vivência e sentimentos expressos. Não se trata aqui de discutir o programa, o tema e os espaços, esse trabalho caberá aos organizadores, mas a proposta é mais no sentido de cada um reflectir seriamente sobre a sua postura, as suas motivações e as suas vivências. Um desafio para o qual queremos ajudar, mas que obviamente deixamos à consideração de cada um. O importante é que esta peregrinação seja, cada vez mais, genuína e verdadeira.
[Edição Nº 4698, 13 de Março]
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