Revisões e previsões
Depois do Natal, bate à porta o fim do ano. Por todo o lado se apresentam resumos do que foi 2007 e se fazem previsões sobre o que será 2008. Misturam-se análises sérias e serenas com palpites brincalhões e de pouca credibilidade. Há de tudo e para todos os gostos.
É sempre assim, o início de um novo ano abre-nos o espírito para a surpresa e para a incerteza, ingredientes mais que suficientes para previsões e suspeições que por vezes nada têm de verdadeiro. Mas também é certo que os astros, os números e a dinâmica da causalidade podem dar lugar a previsões correctas e sérias. Afinal de contas “quem semeia ventos colhe tempestades”.
O nosso jornal entra neste espírito da época e traz aos nossos leitores uma resenha do que fomos oferecendo ao longo do ano dois mil e sete e do que serviu de pretexto para entrar nas vossas casas. Congratulamo-nos e agradecemos a hospitalidade de todos e cada um, no verdadeiro espírito de acolhimento que marca o ritmo espiritual que vive a nossa diocese. Nas páginas seguintes poderá relembrar esses momentos e reviver estados de espírito e desafios que foram lançados. Mas seja-nos permitido entrar no âmbito das previsões, elaboradas estas a partir da tal teoria da causa e efeito.
O facto é a crescente fuga do sentido de Deus, ou seja, cada vez mais parece proliferar a ideia de que “Deus morreu” e não é mais necessário para a nossa felicidade. A crescente autonomia do ser humano e a cada vez maior afirmação do ateísmo prático terão consequências inevitáveis. O que somos nós sem os outros, sem o amor e sem a consciência de que não dependemos de nós mesmos? O que somos nós sem Deus, afinal? O que somos nós sem a ternura e o amor de Deus?
A resposta parece ser também muito clara. Seremos seres isolados, tristes e contrariados. Veremos aumentarem as depressões e as fugas da vida, perpetuadas de vários modos. Cada vez mais nos sentiremos abandonados, impotentes e incapazes de atravessar o mar da vida. Desaparecerá o sorriso, a simplicidade, a verdade e a honestidade. Veremos aumentar a tristeza, a corrupção, a mentira e as várias formas de abusos e injustiças. Nada que a teoria das causas e efeitos não evidencie; nada que não saibamos e sintamos já na pele.
Mas tudo isso só será verdade se de facto irradiarmos Deus das nossas vidas e da nossa cultura. Está nas nossas mãos fazer com que o próximo ano seja diferente e a história inverta o caminho… Basta para tanto assumir a nossa condição de seres criados e amados por Deus. Basta afinal sermos honestos connosco próprios e justos para com Aquele que nos deu a vida. Seremos então felizes e viveremos de forma plena e gozosa. Mas é preciso ser humilde, criança e dar lugar à presença de Deus nas nossas vidas, nos nossos planos e nos nossos sonhos.
[Edição Nº 4687, 27 de Dezembro de 2007]
É sempre assim, o início de um novo ano abre-nos o espírito para a surpresa e para a incerteza, ingredientes mais que suficientes para previsões e suspeições que por vezes nada têm de verdadeiro. Mas também é certo que os astros, os números e a dinâmica da causalidade podem dar lugar a previsões correctas e sérias. Afinal de contas “quem semeia ventos colhe tempestades”.
O nosso jornal entra neste espírito da época e traz aos nossos leitores uma resenha do que fomos oferecendo ao longo do ano dois mil e sete e do que serviu de pretexto para entrar nas vossas casas. Congratulamo-nos e agradecemos a hospitalidade de todos e cada um, no verdadeiro espírito de acolhimento que marca o ritmo espiritual que vive a nossa diocese. Nas páginas seguintes poderá relembrar esses momentos e reviver estados de espírito e desafios que foram lançados. Mas seja-nos permitido entrar no âmbito das previsões, elaboradas estas a partir da tal teoria da causa e efeito.
O facto é a crescente fuga do sentido de Deus, ou seja, cada vez mais parece proliferar a ideia de que “Deus morreu” e não é mais necessário para a nossa felicidade. A crescente autonomia do ser humano e a cada vez maior afirmação do ateísmo prático terão consequências inevitáveis. O que somos nós sem os outros, sem o amor e sem a consciência de que não dependemos de nós mesmos? O que somos nós sem Deus, afinal? O que somos nós sem a ternura e o amor de Deus?
A resposta parece ser também muito clara. Seremos seres isolados, tristes e contrariados. Veremos aumentarem as depressões e as fugas da vida, perpetuadas de vários modos. Cada vez mais nos sentiremos abandonados, impotentes e incapazes de atravessar o mar da vida. Desaparecerá o sorriso, a simplicidade, a verdade e a honestidade. Veremos aumentar a tristeza, a corrupção, a mentira e as várias formas de abusos e injustiças. Nada que a teoria das causas e efeitos não evidencie; nada que não saibamos e sintamos já na pele.
Mas tudo isso só será verdade se de facto irradiarmos Deus das nossas vidas e da nossa cultura. Está nas nossas mãos fazer com que o próximo ano seja diferente e a história inverta o caminho… Basta para tanto assumir a nossa condição de seres criados e amados por Deus. Basta afinal sermos honestos connosco próprios e justos para com Aquele que nos deu a vida. Seremos então felizes e viveremos de forma plena e gozosa. Mas é preciso ser humilde, criança e dar lugar à presença de Deus nas nossas vidas, nos nossos planos e nos nossos sonhos.
[Edição Nº 4687, 27 de Dezembro de 2007]
Etiquetas: editorial