Envelhecer em Portugal
Diz o adágio que “a velhice é um posto”. Com este dizer se pretende elogiar um estado de vida em que o declínio físico e mesmo psíquico é compensado com a bagagem de conhecimento e experiência adquiridos. A velhice não é apenas sinónimo de fim de vida, mas pode em muitos casos tornar-se um momento privilegiado na vida. O velho conselheiro do livro da sabedoria recomenda aos mais novos que saibam honrar os mais velhos e os amparem na sua velhice. E como argumento não se inibe de lembrar que um dia esses que hoje são mais novos serão certamente os mais velhos.
Nos tempos passados a velhice foi lugar privilegiado e honrado. Aos mais velhos cabiam as decisões e muitas vezes até as decisões em relação ao futuro. Sinal de ponderação e sabedoria, a velhice era de facto um posto. E um posto honrado. Mas os tempos são agora outros, e a sociedade actual criou o mito do homem perfeito, o super-homem, que tem como consequência a supressão de tudo o que é sinal de debilidade. Sociedades perfeitas, que queremos construir a todo o custo, não são compatíveis com doenças ou doentes, nem com pobreza ou pobres. A solução é, então, esconder os sinais de debilidade, chegando mesmo a suprimi-los. Assim estão a mudar rapidamente os comportamentos dos mais novos em relação aos mais velhos.
De uma atitude de respeito e até veneração, passamos, sem escrúpulos, a uma atitude de confronto e até de violência. Os idosos são agora uma das camadas da sociedade que mais sofre ataques de violência. Os números não enganam e os estudos estão feitos: mais de 25000 casos de violência foram exercidos sobre idosos nos últimos anos. Violência que tanto toma contornos de agressão física, como também se pratica de uma forma mais psicológica. E é triste vermos como se usa e abusa da bondade que os mais velhos trazem consigo. É triste ver pessoas sem honra aproveitarem-se de quem ainda a tem; é triste, enfim, ver como os mais desavergonhados se aproveitam da honestidade e simplicidade dos mais velhos. Parece haver em tudo isto uma forte contradição, quase ao ponto de fazer pensar que a injustiça e a brutalidade compensam; ao contrário a verdade e a justiça parece não compensarem.
Claro que o crente sabe que tudo isso é apenas aparente e que só a verdade nos libertará; sabe que a vitória do mal é apenas aparente, haverá sempre uma ressurreição depois de uma morte. Entretanto, importa que os mais idosos sejam ajudados e aconselhados sobre a forma de reacção a determinados comportamentos.
Nesta edição quisemos denunciar e desmascarar um pouco do mal que se vai cometendo contra os idosos; mas quisemos também trazer a esperança, referindo o que se vai fazendo em prol dos mais velhos. Que os mais novos possam ler e possam depois transmitir aos mais velhos.
[Edição Nº 4691, 24 de Janeiro de 2008]
Nos tempos passados a velhice foi lugar privilegiado e honrado. Aos mais velhos cabiam as decisões e muitas vezes até as decisões em relação ao futuro. Sinal de ponderação e sabedoria, a velhice era de facto um posto. E um posto honrado. Mas os tempos são agora outros, e a sociedade actual criou o mito do homem perfeito, o super-homem, que tem como consequência a supressão de tudo o que é sinal de debilidade. Sociedades perfeitas, que queremos construir a todo o custo, não são compatíveis com doenças ou doentes, nem com pobreza ou pobres. A solução é, então, esconder os sinais de debilidade, chegando mesmo a suprimi-los. Assim estão a mudar rapidamente os comportamentos dos mais novos em relação aos mais velhos.
De uma atitude de respeito e até veneração, passamos, sem escrúpulos, a uma atitude de confronto e até de violência. Os idosos são agora uma das camadas da sociedade que mais sofre ataques de violência. Os números não enganam e os estudos estão feitos: mais de 25000 casos de violência foram exercidos sobre idosos nos últimos anos. Violência que tanto toma contornos de agressão física, como também se pratica de uma forma mais psicológica. E é triste vermos como se usa e abusa da bondade que os mais velhos trazem consigo. É triste ver pessoas sem honra aproveitarem-se de quem ainda a tem; é triste, enfim, ver como os mais desavergonhados se aproveitam da honestidade e simplicidade dos mais velhos. Parece haver em tudo isto uma forte contradição, quase ao ponto de fazer pensar que a injustiça e a brutalidade compensam; ao contrário a verdade e a justiça parece não compensarem.
Claro que o crente sabe que tudo isso é apenas aparente e que só a verdade nos libertará; sabe que a vitória do mal é apenas aparente, haverá sempre uma ressurreição depois de uma morte. Entretanto, importa que os mais idosos sejam ajudados e aconselhados sobre a forma de reacção a determinados comportamentos.
Nesta edição quisemos denunciar e desmascarar um pouco do mal que se vai cometendo contra os idosos; mas quisemos também trazer a esperança, referindo o que se vai fazendo em prol dos mais velhos. Que os mais novos possam ler e possam depois transmitir aos mais velhos.
[Edição Nº 4691, 24 de Janeiro de 2008]
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