Teologia e história
Ocorre este fim-de-semana a festa litúrgica da Imaculada Conceição. Uma festa que diz muito ao povo português pela espiritualidade mariana que encerra e ao mesmo tempo pelo facto histórico da proclamação da Imaculada Conceição como rainha de Portugal. Teologia e história aliam-se assim na definição de um mesmo facto, neste caso de um personagem. O acontecimento é também uma oportunidade para reflectirmos sobre estas duas realidades: teologia e história.
A Igreja é sustentada por uma verdade que é imutável e que em última instância é o próprio Deus. É Ele a origem e o fim da Igreja. Mas Deus diz-se, também de muitos modos e de muitas formas e o Seu rosto molda-se de muitas linhas e contornos. Assim se vai revelando como o Deus Poderoso, Senhor da história, Omnipotente e Salvador. Mas para chegar a esta definição, que se deseja sempre o mais completa possível, a Igreja relê a história humana, os seus acontecimentos olhando-os com os olhos da fé. Ou seja toda a teologia (entendida aqui como discurso sobre Deus), tem por base uma experiência, um acontecimento histórico.
A Bíblia nasceu assim e a fé do povo eleito desenvolveu-se assim: da experiência quotidiana nasceram as ideias sobre Deus e a fé: um Deus que está presente na guerra e combate a nosso lado, é um Deus Salvador; um Deus que destrói os maus e o mal, é um Deus omnipotente; um Deus que santifica é um Deus santificador… A experiência de cada dia foi o caminho para traçar o perfil de Deus e falar sobre Ele… assim nasceu a teologia.
Para muitos a teologia é uma abstracção, uma teoria longe do quotidiano e que por essa mesa razão não tem apreço e não tem valor. Ela situar-se-ia no patamar do discurso retórico e daria mesmo lugar a muita imaginação e alguma poesia estéril sobre Deus. E no entanto, vemos e percebemos que afinal de contas ela é o resultado de uma prática diária e de uma experiência vivida no concreto e na dimensão pessoal. Antes de ser uma ideia, Deus foi e é uma experiência; antes de ser uma teoria a fé foi e é uma prática. E por sua vez é esta experiência e esta prática que se traduz em conceitos e ideias, que sistematizadas dão lugar à teologia.
Portugal é privilegiado porque celebra a Imaculada Conceição cujo dogma e cuja teologia se desenvolveram depois de terem sido uma experiência e uma vivência. Por essa razão esta festa assume ainda maior importância. Ao celebra-la estamos afinal a embrenhar-nos no mistério profundo da fé, em que experiência e ideia se fundem numa só. Nesta edição procuramos olhar esta celebração sob estes dois ângulos, o histórico e o teológico.
[Edição Nº 4684, 6 de Dezembro de 2007]
A Igreja é sustentada por uma verdade que é imutável e que em última instância é o próprio Deus. É Ele a origem e o fim da Igreja. Mas Deus diz-se, também de muitos modos e de muitas formas e o Seu rosto molda-se de muitas linhas e contornos. Assim se vai revelando como o Deus Poderoso, Senhor da história, Omnipotente e Salvador. Mas para chegar a esta definição, que se deseja sempre o mais completa possível, a Igreja relê a história humana, os seus acontecimentos olhando-os com os olhos da fé. Ou seja toda a teologia (entendida aqui como discurso sobre Deus), tem por base uma experiência, um acontecimento histórico.
A Bíblia nasceu assim e a fé do povo eleito desenvolveu-se assim: da experiência quotidiana nasceram as ideias sobre Deus e a fé: um Deus que está presente na guerra e combate a nosso lado, é um Deus Salvador; um Deus que destrói os maus e o mal, é um Deus omnipotente; um Deus que santifica é um Deus santificador… A experiência de cada dia foi o caminho para traçar o perfil de Deus e falar sobre Ele… assim nasceu a teologia.
Para muitos a teologia é uma abstracção, uma teoria longe do quotidiano e que por essa mesa razão não tem apreço e não tem valor. Ela situar-se-ia no patamar do discurso retórico e daria mesmo lugar a muita imaginação e alguma poesia estéril sobre Deus. E no entanto, vemos e percebemos que afinal de contas ela é o resultado de uma prática diária e de uma experiência vivida no concreto e na dimensão pessoal. Antes de ser uma ideia, Deus foi e é uma experiência; antes de ser uma teoria a fé foi e é uma prática. E por sua vez é esta experiência e esta prática que se traduz em conceitos e ideias, que sistematizadas dão lugar à teologia.
Portugal é privilegiado porque celebra a Imaculada Conceição cujo dogma e cuja teologia se desenvolveram depois de terem sido uma experiência e uma vivência. Por essa razão esta festa assume ainda maior importância. Ao celebra-la estamos afinal a embrenhar-nos no mistério profundo da fé, em que experiência e ideia se fundem numa só. Nesta edição procuramos olhar esta celebração sob estes dois ângulos, o histórico e o teológico.
[Edição Nº 4684, 6 de Dezembro de 2007]
Etiquetas: editorial