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Sem Deus, a paz será sempre podre

“Onde está o teu irmão” - perguntou Deus. Caim respondeu: “Porventura, serei eu guarda do meu irmão?”

Tinha começado a guerra, a mentira e a confusão.

Fenómeno intemporal, a guerra faz parte das nossas vidas, de tal forma que chegamos a querer justificar o injustificável. Ela nunca será justa nem necessária, mas tempos houve em que se quis a todo o custo tranquilizar as consciências tentando justificar a guerra, definindo-a como justa. Outros tempos, outras mentalidades? Talvez que ainda hoje se procure, de forma menos clara continuar a justificar o injustificável. A lista de conflitos bélicos não para de aumentar, a cada dia que passa. E os motivos? Sempre os mesmos, como no caso de Caim e Abel: o ciúme, a fome de poder; o desejo de controlar e dominar o outro…a ambição e a inveja. Dito de outra forma: o pecado de Adão e Eva, a sua pretensão de serem maiores que Deus, continua a ser a razão para tanta ameaça à paz e tranquilidade com que Deus criou o homem.

E se para muitos este é um destino impossível de evitar, já para outros, como são os cristãos de todo o mundo, tudo não passa de uma tentação à qual só não resistem os débeis ou os não crentes. Apesar de muitas vezes os problemas religiosos serem também eles o pretexto usado e apregoado para o surgimento e desenvolvimento de muitos dos conflitos armados. Sim, só a fé, a autêntica e não fanática, poderá ser a solução para esta “inclinação natural” do ser humano. Se Caim confiasse mais em Deus e tivesse descoberto a ternura e o Amor de Deus, nunca sentiria vontade nem desejo de aniquilar o seu irmão.

Hoje fazem-se cimeiras, assinam-se pactos de diálogo e cooperação. Mas tenta-se banir Deus das vidas e dos pactos. E sem Deus, eles mesmos se tornam verdadeiros barris de pólvora que a qualquer momento irão explodir. Para isso basta que o dinheiro falte, ou que o petróleo aumente, ou que os diamantes escasseiem. E lá se vai a paz, porque podre, como sempre será se Deus não estiver presente.

A solução para muitos dos conflitos está na resposta à questão que Caim deixou em aberto e que ninguém quer responder: porventura serei eu guarda do meu irmão?... Sim, Caim, só viverás feliz no dia em que te assumires como protector do teu irmão; só haverá paz no dia em que nos preocuparmos com a construção de laços de amor e união. Enquanto cada um procurar viver a sua vida e enquanto quiser ser mais que o outro haverá sempre um morto estendido na estrada.

[Edição Nº 4685, 13 de Dezembro de 2007]

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