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A Estrela da Ternura

No tempo de Natal há estrelas por toda a parte a enfeitar ruas, montras e janelas. De certo modo, elas fazem parte da festa, mas quase ninguém se admira e surpreende com isso. Muitos já nem sabem a origem desta tradição, que remonta à estrela que serviu de sinal à peregrinação dos Magos até parar sobre o lugar onde estava o Menino: “Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.

O poeta e dramaturgo inglês W.H. Anden, numa “Oratória de Natal” explica porque os Magos seguiram a estrela: “O primeiro diz: Devo descobrir como ser verdadeiro hoje: eis porque eu segui a estrela. O segundo diz, por sua vez: Quero descobrir como viver hoje: eis porque eu segui a estrela. Por fim, o terceiro afirma: necessito descobrir como amar hoje: eis porque eu segui a estrela. E, depois, dizem todos juntos: devemos descobrir como ser homens hoje: eis porque nós seguimos a estrela”!

A mensagem da estrela do Natal de Cristo fala-nos de Deus e dos homens!
Nós não celebramos o Natal à maneira de uma comemoração dos aniversários de grandes homens da história e da obra que nos deixaram. Para nós Jesus não é apenas um homem. No seu nascimento celebramos a presença do Deus invisível que se torna visível e próximo. O Natal é a descoberta surpreendente de Deus que manifesta o Seu rosto de amor na fragilidade da carne humana, no rosto do Filho feito menino, rico de misericórdia e ternura. É este o estilo de Deus que Jesus exprimirá no seu modo de viver com os homens.

É de facto um mistério de ternura! Ele vem, sempre de novo, encher os nossos olhos com a Sua luz de verdade, aquecer os nossos corações com o fogo do Seu amor, dar esperança à nossa vida com a força do Seu Espírito, superar as nossas divisões com a graça da Sua Paz. “Deus ama-nos e por isso espera que abramos o coração ao Seu amor, que ponhamos a nossa mão na Sua e nos recordemos de ser Seus filhos” (Bento XVI).

Eis porque o Natal de Cristo não nos pode deixar indiferentes. É um momento particular em que uma onda de ternura e de esperança enche o nosso ânimo, juntamente com uma grande necessidade de intimidade e de paz. O que seria o nosso mundo sem esta ternura? Tornar-se-ia inóspito, árido, frio, inabitável, desumano. Sem ternura não há vida, não há beleza, não há felicidade! Porém, aquilo que torna a ternura concreta e contagiante não são as coisas, mas as relações interpessoais, que são a essência da riqueza humana. Menos coisas, menos consumismo e mais relações ternas e fraternas (mais partilha) para um Natal mais autêntico!
No mais profundo de cada um de nós há uma “estrela interior” que nos guia na peregrinação à fonte da ternura e da confiança – Jesus Cristo.

Segue a estrela que brilha no teu coração e nos teus olhos!...

Santo Natal e Feliz Ano 2008!

† D. António Marto
Bispo de Leiria-Fátima

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