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Somos cada vez menos

As medidas anunciadas pelo governo sobre o apoio à natalidade no país foram o rastilho para uma bomba que rebentou e que parecia adormecida. Muitos dos cidadãos só agora se deram conta da realidade: estamos a envelhecer de forma dramática e a drástica redução dos nascimentos está à “beira de causar um ataque de nervos” aos políticos do país. Um fenómeno que se estende à escala nacional e mundial, mas que em alguns países está já a ser tido em conta.

A Igreja sempre defendeu a natalidade como parte essencial do matrimónio cristão. O casal cristão solidifica mais o seu amor e purifica-o mais quando se abre ao dom de um filho. Por isso mesmo, a moral católica no que respeita ao matrimónio continua a defender normas e critérios que tenham em conta a procriação. É certo que não somos hoje tão absolutistas como noutras épocas em que se defendia como fim quase exclusivo do matrimónio a procriação; hoje valorizamos mais o amor e a própria instituição familiar. Mas o que é esta se lhe faltam os filhos? E o que é o amor se à partida se fecha ao dom do acolhimento?...

As políticas abortivas que se foram espalhando pela Europa, associadas à mentalidade capitalista e consumista em que vivemos, em ambiente epicurista e hedonista, descambaram no que agora nos faz erguer as mãos: a população está a envelhecer e em alguns casos estará mesmo a regredir. O futuro de cada um de nós fica posto em causa e o futuro da humanidade fica resumido a um enorme ponto de interrogação.

A crise não é, porém, só dos nascimentos, ela é muito mais vasta e mais abrangente. Em última análise o que está em crise é a nossa própria concepção da vida e do que verdadeiramente é importante na vida. Não pudemos admirar-nos que uma sociedade consumista como a nossa desvalorize ao máximo a vida humana e por isso a relegue para o último patamar das ambições. Não pudemos pedir mais a quem defende o aborto e a eutanásia. O que agora está a acontecer em relação aos nascimentos é o resultado mais que lógico para quem é a favor de outras situações como sejam a eutanásia e o aborto. E também não serão as políticas de subsídios que irão resolver a situação. O problema passa por uma questão de cultura e de formação.

Os cristãos olham agora para o que vai acontecendo e de forma serena e paciente são chamados a colaborar na resolução do problema, não lançando farpas de quase contentamento de quem sabia a verdade e agora quer condenar quem não ouviu os apelos do passado; mas voltando a afirmar a doutrina católica sobre a vida humana e seu valor. É neste campo que é urgente investir mais.

Nesta edição trouxemos o assunto às nossas páginas para que fique um apelo à reflexão.

[Edição Nº 4667, 2 de Agosto 2007]

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