Juventude em férias ...ou um olhar social
Chegaram as férias para a maioria dos adolescentes e jovens do nosso país. As ruas estão apinhadas de muitos deles, que parecem deambular, enquanto as horas vão passando. A maioria espera a chegada da noite, para começar a viver. Passaram já os tempos em que as férias eram dedicadas a actividades educativas ou, como aconteceu nos anos 80, se procurava uma actividade não muito árdua, mas suficiente para ganhar algum dinheiro. Hoje, as férias são essencialmente para dormir durante o dia. Depois vem a noite, essa sim cheia de novidades e momentos únicos. Como eles próprios afirmam, o bom das férias é “esta noite poder divertir-me, porque amanhã não preciso de levantar-me cedo”.
É a partir desta leitura da realidade que podemos perguntar-nos: afinal, que juventude é esta? E que sociedade estamos a construir com ela?
A juventude é conhecida pela sua rebeldia e, de alguma forma, pela sua capacidade de pisar o risco sem olhar a meios. Tempo de mutações várias, acaba por não ter uma definição que seja duradoira. Mas, nos últimos 20 anos, há um fenómeno que a caracteriza de forma estável e com tendência a agravar-se: a juventude está a ser manipulada pela sociedade adulta; melhor, a sociedade mercantilista e consumista está a usar os jovens de forma cada vez mais abusiva. A descoberta de que a juventude é um campo aberto para a rendibilidade do comércio, faz com que os jovens, pouco a pouco, sejam manipulados, trabalhados e “agarrados” pelos grandes senhores do dinheiro. Veja-se o que actualmente acontece com séries televisivas, em que o tradicional herói de poucas falas e pele escura, deu lugar ao imberbe adolescente com trejeitos de meninice ainda a desenvolver-se. E tornam-se ridículos certos beijos ou certas discussões que as novas séries nos apresentam. Em nome do lucro é a própria sociedade que se vai descaracterizando e perdendo. Os pais vão descobrindo, maravilhados, que o primeiro telemóvel que entrou em casa foi para o filho e só agora chega também às suas mãos; vão descobrindo, ainda, que antes de usarem as roupas de marca, essa começou por ser uma experiência dos filhos. Ou seja, vamos todos percebendo que a técnica do marketing passa por se dirigir aos filhos, crianças, jovens e adolescentes, no intuito de chegar aos pais. E a técnica está a resultar.
O aspecto negativo de toda esta situação está no facto de termos a juventude a ser manipulada, a ser usada, em nome do lucro desmedido. Precisamente os jovens, que deveriam ser os mais acarinhados, amados e respeitados, estão a ser usados de forma clara e despreconceituosa. É urgente parar esta avalanche.
Nesta edição estivemos à conversa com os jovens e adolescentes da nossa terra. E descobrimos como há neles verdade, honestidade e sinceridade. Pode faltar uma palavra ou uma frase, mas o sentido está lá. Cabe-nos a nós fazer desenvolver a semente.
E porque as férias não são só para eles, outros textos deste jornal deixam algumas pistas para a re-descoberta do verdadeiro sentido deste tempo “vazio”...
[Edição Nº 4669, 16 de Agosto 2007]
É a partir desta leitura da realidade que podemos perguntar-nos: afinal, que juventude é esta? E que sociedade estamos a construir com ela?
A juventude é conhecida pela sua rebeldia e, de alguma forma, pela sua capacidade de pisar o risco sem olhar a meios. Tempo de mutações várias, acaba por não ter uma definição que seja duradoira. Mas, nos últimos 20 anos, há um fenómeno que a caracteriza de forma estável e com tendência a agravar-se: a juventude está a ser manipulada pela sociedade adulta; melhor, a sociedade mercantilista e consumista está a usar os jovens de forma cada vez mais abusiva. A descoberta de que a juventude é um campo aberto para a rendibilidade do comércio, faz com que os jovens, pouco a pouco, sejam manipulados, trabalhados e “agarrados” pelos grandes senhores do dinheiro. Veja-se o que actualmente acontece com séries televisivas, em que o tradicional herói de poucas falas e pele escura, deu lugar ao imberbe adolescente com trejeitos de meninice ainda a desenvolver-se. E tornam-se ridículos certos beijos ou certas discussões que as novas séries nos apresentam. Em nome do lucro é a própria sociedade que se vai descaracterizando e perdendo. Os pais vão descobrindo, maravilhados, que o primeiro telemóvel que entrou em casa foi para o filho e só agora chega também às suas mãos; vão descobrindo, ainda, que antes de usarem as roupas de marca, essa começou por ser uma experiência dos filhos. Ou seja, vamos todos percebendo que a técnica do marketing passa por se dirigir aos filhos, crianças, jovens e adolescentes, no intuito de chegar aos pais. E a técnica está a resultar.
O aspecto negativo de toda esta situação está no facto de termos a juventude a ser manipulada, a ser usada, em nome do lucro desmedido. Precisamente os jovens, que deveriam ser os mais acarinhados, amados e respeitados, estão a ser usados de forma clara e despreconceituosa. É urgente parar esta avalanche.
Nesta edição estivemos à conversa com os jovens e adolescentes da nossa terra. E descobrimos como há neles verdade, honestidade e sinceridade. Pode faltar uma palavra ou uma frase, mas o sentido está lá. Cabe-nos a nós fazer desenvolver a semente.
E porque as férias não são só para eles, outros textos deste jornal deixam algumas pistas para a re-descoberta do verdadeiro sentido deste tempo “vazio”...
[Edição Nº 4669, 16 de Agosto 2007]
Etiquetas: editorial