Promover a cultura
Talvez nem todos se apercebam do que vai acontecendo em Leiria. Há, a todos os níveis, um vasto programa de acções e realizações que “mexem” com a cidade. O mês de Junho é vivido na euforia dos santos populares, desfiles e pequenos encontros de amigos ou de bairro á volta de um grelhador onde pingam as douradas sardinhas.
Mas Leiria é mais que o popular e tradicional. Leiria também é cultura e património. E Junho é um mês de eleição. São muitas e variadas as realizações, as acções e programas de cariz cultural. Nomeadamente, Junho é o mês do teatro em Leiria. Não faltam as casas de espectáculos e não faltam durante trinta dias as encenações.
Mas nem tudo corre bem nos bastidores. Falta de verbas e falta de público são uma constante que se verificam no país e também na cidade de Leiria. Sintomas que revelam um pouco da mentalidade e do consciente colectivo lusitano. Damos pouco valor e pouca importância à cultura. Para o português médio o importante é o bailarico popular, com uma música “pimba”, as sardinhas assadas e a as graçolas baixas e balofas. Divertir-se é para o “portuga” sinónimo de completo alheamento da vida e da existência; divertir-se é sempre sair daqui, viver no sonho e construir um mundo imaginário. Afinal, divertir-se é estar fora daqui; é algo impossível para o aqui e agora. Por essa razão, somos adeptos do álcool e da droga, sempre que usados para “nos divertirmos”. Aliás sem essas coisas já nem sabemos divertir-nos.
A antropologia cristã, porém, tem uma outra visão. O divertimento é parte essencial da formação e da afirmação do ser humano. Ser-se Homem é também criar espaços para o divertimento e para o laser. Mas esses não requerem de forma categórica alheamento ou mesmo negação da essência humana. Para me divertir não preciso, afinal, de deixar de ser o que sou e de me assumir como homem. Não são necessárias drogas ou álcool que me façam esquecer o que sou. Posso perfeitamente sonhar com outra realidade sem deixar de assumir a presente.
Falta à cultura moderna uma visão unitária do ser humano. Negamos Platão, mas afirmamo-nos como seres dualistas. Leiria vive este engano de forma clara e evidente, como o mostram as dificuldades na implementação de actividades culturais e de laser. Nesta edição fomos constatar o que já pressentíamos ser uma realidade e trouxemos a público a realidade que encontramos para que fique claro que há neste campo muito a fazer por cada um de nós.
Mais ainda agora que o distrito de Leiria tem 3 monumentos considerados maravilhas do País. A cultura está na moda.
[Edição Nº 4664, 12 de Julho de 2007]
Mas Leiria é mais que o popular e tradicional. Leiria também é cultura e património. E Junho é um mês de eleição. São muitas e variadas as realizações, as acções e programas de cariz cultural. Nomeadamente, Junho é o mês do teatro em Leiria. Não faltam as casas de espectáculos e não faltam durante trinta dias as encenações.
Mas nem tudo corre bem nos bastidores. Falta de verbas e falta de público são uma constante que se verificam no país e também na cidade de Leiria. Sintomas que revelam um pouco da mentalidade e do consciente colectivo lusitano. Damos pouco valor e pouca importância à cultura. Para o português médio o importante é o bailarico popular, com uma música “pimba”, as sardinhas assadas e a as graçolas baixas e balofas. Divertir-se é para o “portuga” sinónimo de completo alheamento da vida e da existência; divertir-se é sempre sair daqui, viver no sonho e construir um mundo imaginário. Afinal, divertir-se é estar fora daqui; é algo impossível para o aqui e agora. Por essa razão, somos adeptos do álcool e da droga, sempre que usados para “nos divertirmos”. Aliás sem essas coisas já nem sabemos divertir-nos.
A antropologia cristã, porém, tem uma outra visão. O divertimento é parte essencial da formação e da afirmação do ser humano. Ser-se Homem é também criar espaços para o divertimento e para o laser. Mas esses não requerem de forma categórica alheamento ou mesmo negação da essência humana. Para me divertir não preciso, afinal, de deixar de ser o que sou e de me assumir como homem. Não são necessárias drogas ou álcool que me façam esquecer o que sou. Posso perfeitamente sonhar com outra realidade sem deixar de assumir a presente.
Falta à cultura moderna uma visão unitária do ser humano. Negamos Platão, mas afirmamo-nos como seres dualistas. Leiria vive este engano de forma clara e evidente, como o mostram as dificuldades na implementação de actividades culturais e de laser. Nesta edição fomos constatar o que já pressentíamos ser uma realidade e trouxemos a público a realidade que encontramos para que fique claro que há neste campo muito a fazer por cada um de nós.
Mais ainda agora que o distrito de Leiria tem 3 monumentos considerados maravilhas do País. A cultura está na moda.
[Edição Nº 4664, 12 de Julho de 2007]
Etiquetas: editorial