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Louvor às mães de Portugal

Se há alguma personalidade que merece um dia de destaque e de especial celebração é sem dúvida a mãe. Antes de mais a mãe de cada um de nós. A ela devemos o que somos e o que projectamos ser. Ninguém como a mãe marca tanto o desenvolvimento da personalidade de cada um. Não nos damos conta disso, mas a verdade é que a mãe que todos tivemos deixou em nós sementes de educação e desenvolvimento que marcam definitivamente a nossa personalidade. Depois, e por isso mesmo, a mãe é também o símbolo de tudo o que há de fundamental em nós, como pessoas e como povo. A mãe é a origem e porventura será mesmo o fim da nossa condição peregrina na terra. Por isso o poeta exclama com verdade que “com três palavras apenas se escreve a palavra Mãe, sendo a mais pequeno é a maior que o mundo tem”. E por essa razão, também, os teólogos vão desenvolvendo cada vez mais a teologia do que chamam “o rosto materno de Deus”.

No próximo domingo celebramos com verdade o dia da mãe. Uma ocasião para termos um gesto original para com aquela que um dia aceitou o desafio da maternidade. Talvez mais que os habituais convites ao gesto de lhe entregar uma prenda, entretanto já idealizada e comercializada pelos interessados no negócio, será importante que este dia seja marcado por gestos mais simples e mais expressivos. Sim, porque a mãe quererá certamente mais que um perfume, ou até uma flor. Porque não desta fez um gesto menos formal e mais original, como, por exemplo, a dádiva de 30 minutos da nossa atenção e da nossa presença, como filhos?! A cada um caberá decidir o gesto que melhor possa corresponder ao que efectivamente quer exprimir para com a mãe.

Esta ocasião é também propícia para nos embrenharmos no complicado, mas interessante, mundo dos números e das estatísticas demográficas. Elas revelam uma crescente queda nos índices de natalidade, no país e no mundo. É uma realidade que os números demonstram e que tem uma origem bem clara. Em nosso entender, e no dos que estudam estas questões, um dos factores que está na origem desta queda prende-se com as politicas de incentivo à mesma. Quando se fecham maternidades, quando se discriminam as mulheres por causa da sua gravidez, quando se permite o aborto sem mais nem menos, quando, enfim, não há apoios reais e efectivos relacionados com o número de filhos, quando assim acontece está-se de alguma forma a fomentar a queda da natalidade, logo, da maternidade.

Muitos são os factores sociais que intervêm nesta redução da maternidade, não os ignoramos, mas estamos em crer que tudo acaba por se reduzir a um problema que as políticas poderiam muito bem solucionar. Portugal vai à frente na elaboração de leis iníquas, quando outros países já encetaram o caminho contrário. Enquanto à nossa volta se vêm formulações positivas de incentivo à natalidade, nós continuamos orgulhosamente sós na senda da auto-destruição. Sim porque um país sem jovens, sem gente capaz de trabalhar e capaz de sonhar, é um país morto. E este é o cenário para o qual já se chamou a atenção. Mas parece que ninguém quer fazer nada. Orgulhosamente sós vamos continuando a falar de coisas sem importância, vamos lamentando os resultados do futebol, e vamos andando, até que a coisa rebente e se torne efectivamente um problema. Por enquanto vamos andando. Mas os dias que se avizinham não são para sorrisos.

Neste número quisemos abordar de forma critica e sucinta, este problema, porque celebrar o dia da mãe também é protestar contra as leis que não ajudam as mães.

Para todas as que aceitaram o desfio da maternidade vai o nosso reconhecimento e a nossa estima.

[Edição Nº 4654, 3 de Maio de 2007]

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