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Comunicação Social, um risco e uma oportunidade

Habituados a celebrar tantos dias especiais, chegamos ao ponto de brincar com a questão, o que só abona em prejuízo das mesmas celebrações. A nossa televisão transmite diariamente um programa em que os apresentadores se deliciam a definir de forma irónica a dedicatória de cada dia. Há o dia do beijo, o dia do corte, o dia disto e o dia daquilo… há para todos os gostos. A brincar, a brincar, vamos desacreditando o valor de tais dias, que deveriam ser sérios momentos de reflexão e de compromisso.

Nessa perspectiva, a Igreja celebra, há 41 anos, o Dia das Comunicações Sociais. Há 41 anos, estávamos em 1966, em pleno Concílio Vaticano II. No dia 4 de Dezembro de 1963, tinha sido aprovado o decreto sobre as comunicações sociais (Inter Mirifica), cujo nº 18 consagra a instituição desta celebração anual: “Para que se revigore o apostolado da Igreja em relação com os meios de comunicação social, deve celebrar-se em cada ano e em todas as dioceses do mundo, a juízo do Bispo, um dia em que os fiéis sejam doutrinados a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidados a orar por esta causa e a dar uma esmola para este fim, a qual será destinada a sustentar e a fomentar, segundo as necessidades do orbe católico, as instituições e as iniciativas promovidas pela Igreja nesta matéria”.

Pese embora a arrogância de alguns indivíduos e instituições e a sua revolta interior, mais ou menos silenciada, neste sector, como em muitos outros que compõem o tecido social, a Igreja deu os primeiros passos… e “deu cartas”. A ela se devem os primeiros projectos e as primeiras iniciativas no mundo da informação; a ela se devem os momentos de reflexão e formação de muitos profissionais que, pouco a pouco, foram esquecendo a sua origem e se entregaram ao serviço da contra-informação. Mas o decreto que o Concílio publicou é claro: o dia que agora se celebra tem como fim “doutrinar os fiéis a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidá-los a orar por esta causa e a dar uma esmola para este fim”. Apesar das recomendações do Concílio, apesar dos esforços feitos e das reflexões elaboradas ao longo dos anos, apesar da celebração anual, parece-nos que continuamos a dar pouca (nenhuma) importância a este sector da vida e da Igreja. Vamos fazendo umas coisas, para não estarmos parados, mas ainda não apostámos seriamente nos meios de comunicação social. E a Igreja continua a ser o maior “lobby” da comunicação no nosso país. São mais de seis centenas as publicações que lhe estão anexas.

Está aí mais um Dia das Comunicações Sociais. Acreditemos que, desta vez, as coisas vão melhorar. Assim o desejamos e assim achamos ser necessário, já que o nosso Governo parece decidido a acabar com o que ainda há.

[Edição Nº 4656, 17 de Maio de 2007]

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