Como nascem as grandes obras
“Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”. Assim diz o adágio popular, mostrando com o dito que por trás das grandes obras e instituições há sempre um espírito que as anima e lhes confere sentido. Se fizermos uma retrospectiva na história humana veremos que efectivamente as grandes obras da humanidade, sobretudo as que se dedicaram às preocupações sociais sempre tiveram uma figura que as impulsionou e lhes conferiu verdadeiro sentido. Tudo o que não tem “alma” acaba por morrer e os seus anos de vida são tão curtos como os da borboleta.
Vem isto a propósito do hospital de Leiria, que teve na sua origem um homem e um espírito que lhe conferiram identidade e alma. Trata-se de um bispo, D. Manuel de Aguiar, cuja preocupação social não foi movida por interesses económicos ou profissionais, mas se alicerçou numa profunda maneira de entender a vida e a sociedade. O hospital que nasceu em Leiria, não foi apenas o resultado de uma necessidade, embora ela tenha estado presente, mas foi o resultado de um espírito bem vivo. D. Manuel de Aguiar tinha no sangue a paixão pelos doentes e pelos mais pobres. O hospital nasceu desta paixão.
Hoje assistimos a uma instrumentalização de todos os aspectos da vida; continuam a nascer outros hospitais, muito mais equipados que os de outrora, mais arquitectónicamente edificados e mais sabiamente enquadrados no contexto ambiental. As preocupações estéticas, e técnicas no geral, sobrepõem-se, na maior parte das vezes, ao espírito de quem pensa e até trabalha nestas instituições. O resultado é que passados alguns anos os mesmos edifícios e as mesmas instituições parecem “perder a validade” e é anunciado o seu encerramento em catadupa. O que falta não são os doentes, nem é o pessoal que trate deles e nem é o dinheiro para pagar a estes profissionais. O que falta é um verdadeiro espírito social que esteja na base e na origem destas instituições. O esquadro e a régua sobrepuseram-se ao espírito e o resultado é o que está à vista de todos.
Prestes a inaugurar as novas instalações e valências do edifício do antigo hospital D. Manuel de Aguiar, impõe-se uma reflexão sobre o fundador do mesmo hospital e o espírito que lhe esteve subjacente. Depois de ter mudado de instalações, para melhor, o velho hospital parecia ter “ficado às aranhas” e muitos se questionaram sobre a sua utilidade. Iniciadas as obras de remodelação houve quem desde logo contestasse as mesmas e houve até quem se questionou sobre a viabilidade de ali construir fosse o que fosse. A obra cresceu, e a Misericórdia de Leiria soube manter-se fiel ao espírito do seu fundador. O resultado é um belíssimo conjunto arquitectónico e a satisfação de valências mais que necessárias para a cidade: creche, residencial e assistência cuidada na saúde têm mais uma vez lugar bem definido na cidade. Bem no centro da cidade está, assim, prestes a inaugurar-se um edifício que a cidade merecia e desejava. Louvor aos que lhe deram corpo, e aos que sobretudo souberam ser fiéis ao espírito de D. Manuel de Aguiar, essa é a certeza do sucesso e da oportunidade.
Nesta edição fomos conhecer o espírito de D. Manuel de Aguiar, e quisemos trazer à memória o homem e o “médico” para percebermos melhor o que vai acontecendo em Leiria.
[Edição Nº 4652, 19 de Abril de 2007]
Vem isto a propósito do hospital de Leiria, que teve na sua origem um homem e um espírito que lhe conferiram identidade e alma. Trata-se de um bispo, D. Manuel de Aguiar, cuja preocupação social não foi movida por interesses económicos ou profissionais, mas se alicerçou numa profunda maneira de entender a vida e a sociedade. O hospital que nasceu em Leiria, não foi apenas o resultado de uma necessidade, embora ela tenha estado presente, mas foi o resultado de um espírito bem vivo. D. Manuel de Aguiar tinha no sangue a paixão pelos doentes e pelos mais pobres. O hospital nasceu desta paixão.
Hoje assistimos a uma instrumentalização de todos os aspectos da vida; continuam a nascer outros hospitais, muito mais equipados que os de outrora, mais arquitectónicamente edificados e mais sabiamente enquadrados no contexto ambiental. As preocupações estéticas, e técnicas no geral, sobrepõem-se, na maior parte das vezes, ao espírito de quem pensa e até trabalha nestas instituições. O resultado é que passados alguns anos os mesmos edifícios e as mesmas instituições parecem “perder a validade” e é anunciado o seu encerramento em catadupa. O que falta não são os doentes, nem é o pessoal que trate deles e nem é o dinheiro para pagar a estes profissionais. O que falta é um verdadeiro espírito social que esteja na base e na origem destas instituições. O esquadro e a régua sobrepuseram-se ao espírito e o resultado é o que está à vista de todos.
Prestes a inaugurar as novas instalações e valências do edifício do antigo hospital D. Manuel de Aguiar, impõe-se uma reflexão sobre o fundador do mesmo hospital e o espírito que lhe esteve subjacente. Depois de ter mudado de instalações, para melhor, o velho hospital parecia ter “ficado às aranhas” e muitos se questionaram sobre a sua utilidade. Iniciadas as obras de remodelação houve quem desde logo contestasse as mesmas e houve até quem se questionou sobre a viabilidade de ali construir fosse o que fosse. A obra cresceu, e a Misericórdia de Leiria soube manter-se fiel ao espírito do seu fundador. O resultado é um belíssimo conjunto arquitectónico e a satisfação de valências mais que necessárias para a cidade: creche, residencial e assistência cuidada na saúde têm mais uma vez lugar bem definido na cidade. Bem no centro da cidade está, assim, prestes a inaugurar-se um edifício que a cidade merecia e desejava. Louvor aos que lhe deram corpo, e aos que sobretudo souberam ser fiéis ao espírito de D. Manuel de Aguiar, essa é a certeza do sucesso e da oportunidade.
Nesta edição fomos conhecer o espírito de D. Manuel de Aguiar, e quisemos trazer à memória o homem e o “médico” para percebermos melhor o que vai acontecendo em Leiria.
[Edição Nº 4652, 19 de Abril de 2007]
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