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Fazedores de opinião

É vulgar ouvir determinadas afirmações sobre a Igreja que manifestam, na grande maioria dos casos, uma total ignorância sobre os assuntos de que se fala. E se isto é verdade no que à doutrina se refere, não o é menos em relação a aspectos temporais da questão. Formamos, como em tantas outras coisas na vida, ideias genéricas, por vezes repetimos o que ouvimos (e na repetição aumentamos um ponto…) e, está hoje em voga, somos demasiado fáceis em enveredar pelas correntes da moda, pretensamente identificadas com evolucionismo ou desenvolvimento. Diz-se tanta asneira por aí, só porque ouvimos alguém dizê-las e de imediato as identificamos com evolução ou moda. Quando na verdade não estamos seguros, quando não sabemos nada, quando somos ignorantes, facilmente nos “agarramos a chavões”. E os chavões descomprometem-nos e fazem-nos sentir seguros, porque somos veículo de ideias que são de outros, normalmente com alguma projecção na opinião pública. Mais do que nunca a nossa sociedade é a dos “fazedores de opinião” (que conseguiram esse estatuto simplesmente porque um dia a câmara de televisão os apanhou), que conseguem minar as mentes dos mais débeis e pouco dados à reflexão.

Nada que nos séculos passados não tenha sido previsto por muitos estudiosos da evolução das sociedades. Estamos precisamente a trilhar os passos que foram adivinhados por pessoas que se dedicaram ao estudo das transformações da sociedade pós-industrial. E a concretizarem-se as previsões feitas, vamos ainda no hall de entrada; o que aí vem será bem mais grave e clamoroso.

Esta reflexão serve para a grande maioria dos católicos no que respeita a assuntos de fé e de religião. Muitos dos que se dizem e afirmam católicos nada sabem acerca dos conteúdos da fé que dizem professar, e mesmo em assuntos mais terra a terra são portadores de ideias e opiniões que denotam profundo desconhecimento. Um desses casos prende-se com o Vaticano. O que é? Como funciona? Que influência e papel desempenha no todo da Igreja? Tantas e tantas questões que estão ao alcance de um simples click e que afinal passam ao lado. E estamos em crer que até a fé sairia mais fortalecida se houvesse a preocupação de estar informado sobre o assunto. Ideia comum e muito em voga é de que o Vaticano é o local onde vive o Papa e que é uma cidade (uma casa) muito rica. Quando há problemas de dinheiros na mais simples das comunidades há sempre alguém que atira para o ar esta ideia genial “ O Vaticano tem lá muito dinheiro”…. É a voz da moda e de alguns partidários do laicismo mais puro. E o pior está na forma despreocupada e inconsciente com que embarcamos nestas ideias.

Não pretendemos resolver este problema que requer estudo, tempo, formação e dedicação. Mas ainda assim quisemos trazer ao nosso jornal esta temática de forma a que o mínimo dos mínimos possa entrar na memória dos nossos leitores. Deixemos de embarcar em ondas e modas e tenhamos a ousadia de construir sobre a rocha…. A longo prazo os resultados hão-de manifestar-se.

[Edição Nº 4643, 15 de Fevereiro de 2007]

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