Andam a mudar as regras do jogo
O jornal O Mensageiro alertou já para as profundas mudanças que o mês de Fevereiro vai trazer para o sector da saúde. Nas conversas que fomos ouvindo aqui e ali, porém, notamos como a maioria das pessoas está totalmente alheia e até despreocupada com o facto. No mês de Março, que se avizinha a passos largos, o panorama da saúde em Portugal terá mudado de forma tão radical que pudemos dizer nem nos últimos 10 anos houve tantas transformações. Depois, está-se mesmo a ver, virão as queixas, as revoltas e finalmente a resignação por ter que aceitar à força um conjunto de leis e normas que de forma alguma pretendíamos mas que foram apresentadas e nada fizemos para as alterar.
O mesmo se passa no campo mais vasto da Segurança Social, aqui com a agravante de muitas das novas leis e regras estarem já em vigor sem que o cidadão se tenha para já apercebido, mais cedo ou mais tarde há-de aperceber que alguém, está a “mexer no seu bolso”. E dizemo-lo assim porque tanto num caso como no outro as novas regras do jogo vão no mesmo sentido: arrecadar mais dinheiro para os cofres (esperamos que seja assim!...) do Estado.
Neste número quisemos exactamente dar a conhecer algumas das novas regras do jogo; algumas que são certamente desconhecidas por inteiro outras de que sabemos umas referências mas que não entendemos na maioria dos casos.
O que importa também questionar é como é possível chegar a este estado de coisas. Como é possível que haja mudanças tão profundas na sociedade portuguesa e o cidadão comum nem se aperceba de nada?! Como é possível mudar o jogo, e um dos jogadores não saber da mudança das regras?!.... Como é possível os nossos representantes tomarem decisões que nós desconhecemos?!
A culpa não é dos que fazem as leis e as promulgam; ela reside mais em nós que nos alheamos, cada vez mais, da política e da coisa pública. Imersos no nosso quotidiano vivemos demasiadamente voltados para o nosso umbigo, fechados em nós mesmos e preocupados apenas com o nosso pequeno mundo. Não nos interessam as coisas, e consequentemente as políticas, comuns. Desapareceram, ou pelo menos estão a desaparecer, as atitudes verdadeiramente altruístas e de cidadania. Quando não se falava destas coisas elas existiam, agora que se falam delas e até são leccionadas nas escolas, elas desapareceram. Algo vai mal, nesta sociedade pós-moderna.
Mas prepare-se o leitor para as mudanças que aí estão e para as que aí vêm. A nós cabe-nos informar e é nesse espírito que aqui respigamos algumas informações, que elas suscitem curiosidade para que o leitor procure mais.
[Edição Nº 4644, 22 de Fevereiro de 2007]
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