Vida humana: a nova questão social
Um prestigiado jornal italiano de reconhecida inspiração laica – La Reppublica – dedicou, insolitamente, um editorial ao “Pai Nosso” em que se afirma: «Todos nós nos estamos a endividar face à Vida. Por isso, todos estamos tristes, inquietos, confusos, desesperados». Exprimia uma reacção à encíclica «Evangelho da Vida» de João Paulo II. Parece-me apropriada para traduzir o ambiente que se respira entre nós no debate à volta do referendo sobre o aborto.
À parte algumas expressões extremistas, mas minoritárias, de ambos os lados, no cômputo global parece-me que tem sido um debate civilizado. Quão longe está o espírito de cruzada e do velho e decadente jacobinismo. Além disso, é salutar porque ajuda a esclarecer e obriga a reflectir e tomar posição. As pessoas dão-se conta de que a vida humana é uma realidade que envolve e interpela a todos, pertence a toda a consciência que busca a verdade e está atenta e preocupada pela sorte da humanidade. É impossível permanecer neutral.
Parece evidente que, em relação à posição da Igreja, a tónica em que muitos dos opositores batem e que procuram fazer passar, é esta: a Igreja é hipócrita, intolerante e carrasca. Mas isto não é argumentação séria. É demagógica. Não se poderá voltar, em vários aspectos, contra aqueles mesmos que a usam?...
[Texto integral na edição Nº 4638, 11 de Janeiro de 2007]
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