Há rosas nos espinheiros
Tudo na vida tem o seu lado bom. Às vezes é-nos difícil encontra-lo e admiti-lo. Mas a verdade é que tudo na vida é belo e bom: “Deus viu tudo o que tinha criado, era tudo muito bom”. A nossa vida agitada e apressada leva-nos a exigir resultados no imediato e essa pressa é que nos leva muitas vezes a não ver o lado bom. Também os moralismos (muitas vezes falsos ou demagógicos) não dão lugar a uma visão mais optimista e encorajadora.
Em tempos de crise, é-nos fácil ver e pressentir todos os “lados podres” da sociedade, da governação e da política em geral. Em tempos como os que agora decorrem é-nos tão fácil preencher as mentes com um rol de lamentações e críticas destrutivas. E de repente o céu carrega-se de nuvens negras e medonhas; o sol deixa de brilhar e o desespero toma conta de nós. Estão ainda por se manifestar muitas das consequências desta visão da actual conjuntura nacional.
Mas há sempre um lado bom a descobrir. Também no meio da crise económica e financeira que o país actualmente atravessa há um lado bom. E esse tem que ver com a criatividade e a inovação. Ou seja, as dificuldades, sejam de que tipo forem, incentivam à procura de novos caminhos e fomentam a criação de novos projectos. É assim que vemos como, ao longo da história, a crise deu sempre lugar a novas descobertas e à abertura de novos horizontes.
Se é verdade que actualmente no nosso país muitas empresas fecham as suas portas, muitos empregados são despedidos e a economia no seu todo está em regressão, também é verdade que há rosas no meio dos espinheiros. Empresários audazes que sabem ler o futuro e não querem cruzar os braços sem mais nada, encontram agora novas saídas para os seus negócios e novos rumos para as suas criações e produtos. Em Leiria o fenómeno acontece, como em todo o país: são muitas as empresas que, empurradas pelo mal-estar da situação do país, alargaram os horizontes e expandiram os seus negócios, que de outra forma corriam o risco de ficar confinados ao espaço geográfico nacional. Empresas e empresários que arriscam tudo por tudo e procuram lá fora a implementação que aqui não conseguem. É a internacionalização que acaba por substituir a nacionalização.
Fomos à procura do lado bom da economia portuguesa, quisemos conhecer os protagonista deste novo rosto da economia e da industrialização do país e deparamo-nos com gente jovem audaz e promissora para os tempos que se avizinham. Não já para a amanhã, mas para um futuro que não tardará em chegar.
Um ar mais colorido no meio do quadro nego do país.
[Edição Nº 4639, 18 de Janeiro de 2007]
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